quarta-feira, 4 de dezembro de 2019

O LÚMPEN E A SAÍDA PELA ESQUERDA


Foto: Portinari: Parte do quadro Guerra e Paz



No ano de 2019 vivemos tempos únicos para a nossa geração. Entre diversos fatos, cenários e um Golpe de Estado, gostaria de esclarecer que o presente texto não se esgota nas poucas reflexões dos seus parágrafos. Este artigo pretende aprofundar sobre um diálogo fraterno entre as massas, o Lúmpen e a vanguarda política da esquerda brasileira e latino americana.

São tempos de cem anos da morte de Rosa Luxemburgo, um ano sem Marielle Franco. Tempos em que metade do ano se deu como prisão e os demais meses como liberdade, ainda que temporária, mas com a liberdade do ex presidente Lula. São tempos de centenas de atos em diversas cidades brasileiras contra os ataques no mundo do trabalho e nos direitos sociais.

Tempo de resistência ao modelo fascista imposto pelo governo federal, comandado pelo presidente Jair Bolsonaro que através de um golpe chega ao poder. Este governo se constitui conjunto às igrejas neo pentecostais, empresariado, imprensa, judiciário, latifundiários e com as milícias. Um equilíbrio de forças que se traduz na ascensão do neoliberalismo e o neoconservadorismo no país.

São tempos também para refletir até quando vamos ignorar a realidade social vivenciada pela população pobre. Não que as vanguardas da esquerda brasileira não se importem com a pobreza, mas antes disso. Qual a percepção de revolução que temos dialogado com a sociedade, quem são os atores políticos deste cenário posto? O que o Marx chamaria de Lúmpen do Proletariado poderia ser considerado?

Nos últimos meses deste ano, como exemplo o filme Coringa e sua proximidade com os personagens do esquadrão suicida da DC Comics reforçam um debate na sociedade, em especial aos mais jovens. Através do cinema como expressão artística, as frustrações, sofrimento mental derivada da violência capitalista nos levarão sem dúvidas à barbárie. Não há mudança mais objetiva do que a força se coloca. Como Lênin nos convida à poesia, nas noites mais escuras se mostram mais brilhantes as estrelas.

Porém, no centenário de Rosa Luxemburgo, a importância de pensar o papel das massas e da vanguarda se faz a cada dia mais necessário. As nossas direções políticas da esquerda brasileira e latino americana tem condições de propor a direção apenas com as massas que hoje se alinham politicamente? Quem falta nesta construção? Até quando vamos deixar de lado setores criminalizados como aqueles que se realinham entre a sobrevivência dos presídios, a resistência a ordem jurídica posta.

O que se configura como Lúmpen do proletariado isoladamente não consegue fazer a revolução, dará voltas dentro de si. Mas se houver a direção? Quem tem a possibilidade de contribuir com estes caminhos?

O Lopping do proletariado é na atual conjuntura capitalista revolucionário apenas por existir, ou melhor resistir. Estar na contramão dos valores morais e religiosos e dar conta de propor atos heroicos em uma sociedade punitivista e proibicionista como a que vivemos na América Latina por si já é revolucionário. O descontentamento com as condições de vida, a frustração social provocada frente as mazelas do capital e a meritocracia desviam boa parcela da classe trabalhadora ao Lúmpen do proletariado.

Arrisco afirmar que toda a classe trabalhadora, de formas diferentes tem a sua contribuição no processo revolucionário, na coragem das armas mesmo sem um entendimento da importância política e da ausência da coragem de propor a continuidade da história da revolta popular, mas compreendendo a importância da direção por uma outra ordem de sociedade.

O que as vanguardas devem compreender que a sociedade é criada dentro da ideologia burguesa, não somos nascidos para ser revolucionários. A nossa capacidade de acreditar na opção de classe e que classe em si e para si é um elemento fundamental para perceber que todas e todos nas relações sociais podem ter um papel estratégico e revolucionário, a direção da história é o seu tempo. Marx nos ensina que a história da humanidade é a história da luta de classes e mulheres e homens fazem as mudanças históricas nas suas condições objetivas.

O que passa para além do código penal brasileiro é a resistência da grande maioria do povo que frustrado socialmente não aceita mais ser humilhado nas condições postas pelo capital, Qual a cor, a origem e o perfil de quem está socialmente criminalizado, condenado ou não?

Se o Lúmpen não tem direção que a vanguarda seja! Se a vanguarda não tem a ousadia que o Lúmpen seja! 

É hora de traduzir toda as violências do capital e as reações, por mais diversas amorais que sejam, mas datadas pela classe trabalhadora (inclusive o Lúmpen) como ações possíveis de uma reorganização do poder popular.

A história das lutas sociais no Brasil tem como exemplo o Banditismo no sertão brasileiro, sendo que Maria Bonita, Lampião e diversos atores políticos importantes que se entendiam como bandoleiros, cangaceiros e matreiros foram também exemplo de nossa história. Toda resistência parte da ilegalidade, porque a ordem posta não configurará os cenários de avanço das trabalhadoras e trabalhadores da luta de classes como revolucionários.

Mariguella, à 50 anos atrás foi condenado a pena de morte por ocupar a rádio nacional e construir um alinhamento político entre toda a classe trabalhadora sobre as formas de resistência e luta contra a ditadura civil, empresarial e militar que durou 20 anos no Brasil.

Quem são os bandidos? Somos os bandidos? Somos a revolução e todas e todos temos a sua importância e o seu espaço na construção histórica do poder poder. O medo nos serve de fomento para ousadia e coragem, inclusive de possibilitar a escrita para a leitura deste texto. A América Latina sangra e resiste e não haverá justiça, paz e liberdade enquanto nosso território servir de quintal para o imperialismo sem resistência.


Povo latino-americano, e todos os povos, uni-vos!

quinta-feira, 7 de novembro de 2019

30 MIL CURTIDAS NO FACEBOOK, 100 MIL ACESSOS NO BLOG | ESQUERDA NA INTERNET




Não se posicionar, opor a realidade social é um movimento covarde e é por si um ato Político. Teoria Versus Prática completam 13 anos em defesa da Democracia, ao lado da classe trabalhadora, que vive e sofre a opressão todos os dias. Por uma nova ordem de sociedade! Teoria Versus Prática não é uma dicotomia, mas sim uma forma de posicionar frente a realidade social. Blog Progressista, Socialista!

sexta-feira, 23 de agosto de 2019

Panelas vazias da elite que vive de barriga cheia de preconceito: Quem colocou o Bolsonaro também bateu panela?



Por: Leonardo Koury


Incoerência é o tema da TV golpista que vive criando modinha. A Zona Sul carioca que não é o país inteiro agora vai "pagando" de ambientalista, mas vota no governador chamado por eles de herói. Nunca foram defender a Amazônia, bem como o todo o Meio Ambiente que defendemos todos os dias nos movimentos sociais.

Quem quer ser revolucionário não manda tomar em lugar algum, não reproduz a violência e a opressão em palavrão nenhum. Ao contrário vai para as ruas construir o poder popular.

Não devemos cair nesta armadilha midiática. A homofobia mata assim como as queimadas. Não é agora o "Fora Bolsonaro", não é a hora. 

Devemos é que ter uma alternativa de lutas real, qual passa pela liberdade de Lula, preso político deste Golpe, e voltar o povo no poder. Quantos mais áudios serão necessários? 

Defender a Amazônia não pode ser moda, porque é uma questão de ética com o Planeta. Fácil é bater panela, difícil é assumir o erro de ter votado nele! 

Pela Amazônia, pelo povo brasileiro, contra a Reforma da Previdência e todo poder ao povo. Nenhum direito a menos, nenhuma opressão é justa!


Leonardo Koury - Assistente Social, professor, coordenador da Comissão de Direitos Humanos do CRESSMG e  militante da Frente Brasil Popular.

terça-feira, 13 de agosto de 2019

VOCÊ JÁ OUVIU ALGUM DESSES ARGUMENTOS EM SUA CIDADE?




O município não tem dinheiro para dar aumento salarial para os seus servidores. O país está quebrado e passando por uma crise. Estamos conseguindo manter o que temos com todo compromisso desta gestão. Estamos conseguindo ao menos asfalto. E outros argumentos que ouvimos dos gestores municipais e do legislativo no dia a dia.

Em um curto texto gostaria de problematizar as relações políticas e eleitoral que temos entre as eleições municipais e as eleições para o Estado e a União. 

No ano passado os seus vereadores e prefeitos pediram o seu voto para alguns deputados que votam cotidianamente contra os seus munícipes. Haja visto os posicionamentos das tais reformas que as elites julgam como necessárias.

O fim de boa parte da CLT e agora com o desmonte da Previdência Social (em primeiro turno na Câmara dos Deputados) trazem para as cidades certamente a ampliação da pobreza, da fome e consequentemente surge ao povo diversos problemas sociais no paralelo entre o corte de recursos públicos e fechamento dos espaços de participação como os conselhos de direitos.

Se a gestão pública e a governança de toda uma sociedade passam pelos municípios, é hora de enxergar no próximo ano eleitoral o rompimento com este ciclo: deputado que vota contra o povo apoia o prefeito que fragiliza a gestão no discurso que é para segurar o que hoje se tem. 

A realidade é dinâmica, vereadores e prefeitos que pedem seu voto para um congresso descompromissado com as necessidades do povo geram a continuidade de descompromissados e vice e versa.

Em tempos como este, a justiça social deve se espelhar na esperança da construção do poder popular. Uma nova política está no reconhecimento de quem vota contra as reformas propostas e está presente nas lutas e nas ruas, ao lado da população por meio dos movimentos sociais e das frentes como a Brasil Popular e Povo sem Medo. Pátria livre, Venceremos!


Leonardo Koury - Assistente Social, Professor e militante da Frente Brasil Popular

quarta-feira, 1 de maio de 2019

Dia das trabalhadoras e trabalhadores e não dia do trabalho




Sim, no século 19, com toda a pobreza e outros problemas gerados pela ganância dos donos das fábricas, as trabalhadoras e trabalhadores do mundo se organizaram e se colocaram como sujeitos, protagonistas da disputa societária.

Não é pouca coisa, não foi , não será e até hoje trabalhadoras e trabalhadores, mesmo convivendo com toda exploração no capitalismo dizem em todo o mundo basta a opressão. São todas e todos? Ainda não são a totalidade que está nos atos e nas lutas, mas não podemos esquecer que o dia 1 de maio marca o dia destes que lutam, resistem e sonham.

Tem o dia das mães e não da maternidade, o dia das crianças e não da infância, o dia dos namoradxs e não do namoro. Então não é o dia do trabalho, mas de quem é protagonista e que muda a realidade através das suas mãos e intelectualidade, unindo a natureza e as necessidades humanas.

O dia é de quem é o ator principal do trabalho, dos que trabalham no comércio, nas escolas, nas políticas públicas, nas fábricas, nos campos, nas ruas e não dos que exploram o trabalhador(a) e se enriquecem com o lucro do próprio trabalho alheio.

Não podemos nos confundir, o capitalismo quer é isso mesmo. A chamada no Shopping é dia do trabalho, mas este dia tem alguém que deve ser lembrado, possivelmente quem recebeu este texto é Trabalhadora e Trabalhador, e não patrão.

Você que está lendo merece uma dica: trabalhadoras e trabalhadores de todo o mundo: em unidade somos mais fortes. Mais fortes não seremos explorados e consequentemente podemos ser livres e felizes. Pensem nisso!

O dia é nosso e não do trabalho!




Leonardo Koury: Assistente Social, Professor e Coordenador da Comissão de Direitos Humanos do CRESS-MG, militante da Frente Brasil Popular

segunda-feira, 25 de março de 2019

Moçambique, Brasil, Cuba e Estados Unidos: distantes proximidades




Em Moçambique chegaram 270 médicos cubanos enviados pelo Governo de Cuba. Os Governos dos EUA e do Brasil não mandaram nenhuma ajuda humanitária. Lá não tem petróleo.

Importante refletir sobre os seguintes aspectos: o Brasil e Moçambique tem em comum a língua portuguesa, a cor da pele e por se localizar no hemisfério sul. Os dois países são assolados por um triste histórico de colonização.

Porém, o Governo Federal brasileiro idealiza um país próximo dos Estados Unidos de Trump: armado, egoísta e que esconde nas telas de cinema a realidade vivida pelo povo estadunidense.

E Cuba? Tão relegada pelos embargos econômicos, foi solidária aos pobres brasileiros que não tinham atendimento médico e agora continuam na sua incansável prática de solidariedade internacional.

Enquanto isso, nosso país não se pronunciou oficialmente quanto as ações para Moçambique. O Governo Federal do Brasil preferiu fragilizar a soberania nacional não exigindo visto dos norteamericanos, e claro, não houve a mesma reciprocidade quanto o outro lado.

Proximidades distantes!



Leonardo Koury Martins, Assistente Social, Professor e coordenador da Comissão de Direitos Humanos do CRESSMG

sábado, 23 de fevereiro de 2019

O petróleo é o nome da ajuda humanitária





Se querem, vamos falar sobre a Venezuela.

O Brasil faz o jogo dos Yankees ao levar Dipirona e Leite em pó pela sua fronteira e pode com esta impensada atitude romper quase 200 anos de paz na América do Sul!

Falar em ajuda humanitária?

A mídia chama Maduro de "ditador" e o Guaidó de "presidente interino". A grande maioria do povo da Venezuela reconhece Maduro e o interino tem apoio de quem? Países liberais como Israel, Estados Unidos e do Brasil de Bolsonaro, claro!

A mesma mídia que apoiou o Golpe em 2016 e hoje o Brasil vive com quase 40% de desempregados e de pessoas em situação de subemprego. Nestes dois anos perdemos boa parte dos direitos trabalhistas e se nós, o povo, não formos para às ruas perderemos o direito à aposentadoria.

O presidente brasileiro deveria cuidar dos inúmeros problemas que já temos no país, mas contribui com o Golpe contra o povo venezuelano proposto pelos Estados Unidos. Não é por acaso.

O preço da "ajuda proposta" tem nome: Petróleo!

Não sejamos ingênuos. Se for enviar remédio e alimentos o governo venezuelano disse em claro e bom tom que pode comprar o que preciso for. A questão é a forma que está sendo realizada a "ajuda" que a curto prazo iremos acabar em uma guerra. É importante lembrar que o estado de Roraima depende da energia elétrica produzida na Venezuela e que a meses ela não paga e nem por isso a Venezuela cortou a luz dos roraimenses.

Quem ganha com a guerra?
Quem perde com ela já sabemos. 
O povo, dos dois países!


#HandOffVenezuela
#VenezuelaEnDefensaDeLaPaz



Leonardo Koury Martins,  Assistente  Social, Professor e militante da Frente Brasil Popular.

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2019

Vale Cocais


No barulho
Das sirenes
O coração
Dispara
A perna treme
Por mineração!
E tem que sair
Com toda correria
Com medo
Com receio
De que um dia
Não seja
Brumadinho
Nem mesmo
Mariana.
Quantos sustos
Ainda Viveremos
Como vive agora
Barão de Cocais.
Vale até quando?


Por: Leonardo Koury

sábado, 26 de janeiro de 2019

De quem é a Lama?



De um lado a Lama
Na janela das casas
Na própria cama
Na rua que a criança
Brincava
E agora escoa
A desgraça pública
Do interesse privado.
Os pobres precisam
De bombeiros
Os ricos precisam
De advogados.
Do outro lado
Coloca a natureza
Que sofre como riqueza
E ainda fica de culpada!
Não foi tragédia
Não foi desastre
Foi crime
E a imprensa global
Se sobre isso falasse
Não tinha esquecido
Mariana. Não tinha!
Agora foi Brumadinho.
Até quando?



Texto: Leonardo Koury
Foto: Isis Medeiros

terça-feira, 8 de janeiro de 2019

TAMBÉM MORRE QUEM ATIRA. HEY JOE!




Por: Leonardo Koury


A música escrita por Billy Roberts expressa o futuro anunciado pelo Jornal O Tempo na região metropolitana de beagá e em todo país não está sendo diferente.

Uma sociedade violenta, autoritária e intolerante que só consegue ver o amor dentro de suas casas, de suas igrejas e dos seus iguais. Odeiam a diversidade, as diferenças e os diferentes. 

São covardes porque lutam apenas para a própria felicidade quando esquecem que a sociedade é muito maior do que o seu ego. 

Não quero morrer e nem mesmo quero atirar. O país não encontrará a paz tendo o próprio brasileiro como inimigo. 

O Bolsonaro não precisa da minha torcida contra, ele persegue a minha linha de pensamento e a minha realidade humana todos os dias. 

Ele luta contra a minha existência e de quem amo nos discursos, nas medidas provisórias e na escolha dos seus ministros que balança do fanatismo aos militares e políticos indiciados por Corrupção.

“Acordei com um sonho e com o compromisso de torná-lo realidade"
Leonardo Koury Martins

"Gostar é provavelmente a melhor maneira de ter, ter deve ser a pior maneira de gostar"
Saramago

"Teoria sem prática é blablabla, prática sem teoria é ativismo"
Paulo Freire

"Enquanto os homens não conseguirem lavar sozinhos suas privadas, não poderemos dizer que vivemos em um mundo de iguais"
M.Gandhi

"Por um mundo onde sejamos socialmente iguais, humanamente diferentes e totalmente livres"
Rosa Luxemburgo