segunda-feira, 15 de junho de 2020

Polícia Política




No dia 31 de maio deste ano ocorreu mais uma das famosas manifestações pró-Bolsonaro em Brasília. No mesmo dia, no estado de São Paulo, o centro econômico do país, na Av. Paulista, próximo do MASP, também ocorreram manifestações pró-governo.

A situação política do país, somada à pandemia, indicava a prevalência dos militantes chamados de fascistas em manifestações que vinham ocorrendo desde o início do ano no Brasil. Entretanto, o domínio das ruas por bolsonaristas não ocorreu naquele domingo, pois torcidas organizadas do São Paulo, do Corinthians, do Palmeiras e do Santos uniram forças e também ocuparam a Avenida Paulista, gritando a palavra democracia. 

É interessante observar que foram as torcidas organizadas de times de futebol rivais que, unidos pela política, buscaram disputar as ruas com os fascistas e não os tradicionais partidos políticos ou sindicatos, fato comum nos últimos anos. Até as cores foram marcantes, os torcedores estavam vestidos de preto, de modo diferente dos partidos políticos que usam roupas vermelhas ou as cores da bandeira nacional.

Na larga avenida estavam os bolsonaristas - com seus discursos apontados para bandeiras de Israel, dos EUA e do movimento nazista ucraniano - e os torcedores dos times de futebol. Entre eles havia os policiais militares. Destaca-se: a função da Polícia do Estado de São Paulo é do policiamento ostensivo/preventivo. Estas duas palavras “ostensivo/preventivo” podem dar margens para muitas interpretações, gerando polêmica.  

No caso das ações da Policia Militar, com relação à manifestação ficou transparente sua função de polícia política. Dois movimentos sociais para um tipo de ideologia militar: a autoritária. A instituição optou por um lado. O lado foi dos manifestantes que apoiam o fascismo. Apoio que foi explícito e contundente.

Na internet, há várias fotos e vídeos mostrando a desproporcionalidade da ação policial, com relação aos dois movimentos sociais. A ação mais explícita é quando um Policial Militar abraça uma senhora do movimento bolsonarista que gritava contra o grupo “democracia” e este policial, gentilmente lava à bolsonarista, que tinha “apenas” um taco de beisebol para o evento pacífico, para um outro lugar da avenida. Após, o movimento “democracia” foi rechaçado com tiros de balas de borracha e gás lacrimogêneo. 

Assim foi mantida a ordem naquele domingo. Em nome de um apoio implícito ao presidente da República, o comando da Polícia Militar fez “vista grossa” ao corrido, assim como já havia feito no Rio de Janeiro no mesmo dia e, no Ceará, quando ocorreu o motim e em outros inúmeros atos ao longo do ano.


Israel Aparecido Gonçalves é cientista político. 

quarta-feira, 10 de junho de 2020

A transparência é um valor democrático e não será possível em tempos de Fascismo








Ao longo dos últimos dias, parte das empresas privadas de comunicação (como o caso da Rede Globo e seu monopólio de jornais e demais canais radiodifusão), cobram do regime político totalitário presidido pelo militar reformado Jair Bolsonaro a transparência pública. É sério que esperam transparência e responsabilidade por parte do Governo Bolsonaro, ou será mero discurso midiático? 

Se é sério então vamos falar sobre como foi governado o Brasil entre 1964 à 1985. Vamos dialogar sobre este período, especialmente ao que se refere sobre o acesso à informação, as contas públicas, os dados das polícias e das forças armadas e também sobre os desaparecidos e mortos pela Ditadura no Brasil.

Todo este processo de estudos vem sendo apresentado ao longo dos últimos anos após o trabalho das Comissões da Verdade nos Estados e no âmbito Federal. Tais informações apresentam que regimes totalitários não entendem a transparência enquanto um valor social. Ao contrário, escondem suas mazelas no intuito de enaltecer causas individuais sobre o Direito Público.

Devemos lembrar que o Governo Militar representado por Bolsonaro e Mourão não age diferente do que se propôs no período eleitoral. Atuam cotidianamente para acelerar a miséria e a fome, perseguem toda e qualquer ideologia e são o Fascismo em sua máxima expressão. 

Este Governo se acendeu no processo democrático após um Golpe de Estado em que a mídia privada, o judiciário, a polícia federal e os partidos de direita conjunto às elites nacionais deslegitimam uma mulher eleita pelo povo. Este processo se inicia no fim da conciliação de classes, tentativa ingênua que refuta a grande massa populacional para o retrocesso após décadas de conquistas a base de greves e lutas populares.

Bolsonaro, Mourão e seu governo formado pela aliança entre a elite conservadora, o agronegócio, as igrejas e por militares estão governando à 1 ano e meio. Esta aliança avança no fim do Pacto Federativo e dos valores democráticos, se alinham quanto a constituição do Estado Neoliberal em todas as áreas seja na Seguridade Social, no Meio Ambiente, na Educação garantindo os interesses imperialistas como prioridade. 

Ou este Governo sai ou viveremos mais 20 anos de autoritarismo. A escolha é nossa, não deles.

Não se pode cobrar deste sistema governamental a transparência, ela não cabe quando a Democracia não é um valor central. A transparência, a liberdade e a Democracia não caminham em épocas onde o Fascismo é um vírus que afeta as mentes de milhões de brasileiros. Estes, em maioria, silenciados seguem em apoio ao modelo posto, não sejamos ingênuos.

Porém, somos a Resistência, todo poder sempre é do povo! Não vamos desistir de lutar.



Leonardo Koury - Assistente Social, Professor e Militante dos Movimentos Sociais


“Acordei com um sonho e com o compromisso de torná-lo realidade"
Leonardo Koury Martins

"Gostar é provavelmente a melhor maneira de ter, ter deve ser a pior maneira de gostar"
Saramago

"Teoria sem prática é blablabla, prática sem teoria é ativismo"
Paulo Freire

"Enquanto os homens não conseguirem lavar sozinhos suas privadas, não poderemos dizer que vivemos em um mundo de iguais"
M.Gandhi

"Por um mundo onde sejamos socialmente iguais, humanamente diferentes e totalmente livres"
Rosa Luxemburgo