terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Datas comerciais


O calendário comercial começa com o Carnaval e quase termina no Natal. Tem ainda a do Ano Velho e do Ano Novo, tudo será patrocinado e filmado pela Rede Globo. E é assim, mais um ano começa de novo. Vem o Carnaval, que não faz realinhamento social porem vende “abadas”. No Rio de Janeiro e em São Paulo, fazem com que os pobres fiquem em baixo desfilando para a corte que se instala nos camarotes carnavalesco.

Daí vem a Páscoa. Uns vendem bastante peixe, outros comem lixo, outros comem ovos de chocolate enquanto uns vendem ovos de dezoito quilates.

Daí vem o dia das Mães, dos Namorados, dos Pais, dia de tudo, dos Avôs e das Crianças. A mídia apela na emoção, fragiliza seu coração, te da à sensação que seu filho não vai gostar de você mais não. Enquanto isso abafa as noticias de juízes envolvidos em corrupção e as Emissoras de TV devendo impostos à nação.

Por fim vem o Natal, enquanto uns comem Peru outros ceiam a sopa da pastoral. Uma data legal, presentinho para as crianças e reforça a segurança para que não tenha nenhum furto por um marginal. Porem é Natal, se perdoa tudo, o vizinho que espia sua filha tomando banho, o patrão que não te deu aumento, tem até amigo oculto (para entregar presente tem que descrever um talento), e alguns passam o dia 25 ao relento.

Mas isso não importa, o ano está acabando, tudo deve ser esquecido, pois a tarefa deste Ano Velho foi cumprida, deseje paz aos palestinos que sofrem pela guerra. Vamos esquecer a mídia explorando o caso da menina Isabela, e esquecer-se das eleições, vamos deixar os políticos quietos, daqui a quatro anos velhos pensamos nisso. É hora de festejar, ver os fogos de artifício caindo enquanto outros acertam crianças nas favelas. Afinal, um novo ano tem que ter novas coisas, novos sabores, novo ano de promessas.



.

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Manifesto da falta da democracia cultural



Imaginar que por mais tentativas de democratizar a “Cultura” no Brasil infelizmente a maioria dos brasileiros que produzem cultura não sabem o que é Lei Rouane.

Quantos brasileiros já foram a peças de teatro, ou melhor, quantos têm acesso a frequentar livrarias. Comprar livros no Brasil está fora da realidade da maioria da população, além de caros, grande parte com linguagem rebuscada diferente da qualidade do ensino nas escolas públicas, não se tem política real de incentivo para que os leitores comprem a preços populares.


Algumas políticas públicas trabalham na lógica perversa de trazer o acesso aos meios culturais pra tirar jovens da criminalidade e de trazer um passatempo para evitar homicídios. Porém a cultura nesta perspectiva perde a dimensão de direito universal e constitucional. Perde o valor de conquista e passa a ter o caráter de favor tanto do estado quando das entidades que trabalham com a temática.
A dificuldade de saber o que são as leis de incentivo a cultura, tanto no escrever a lei quanto no captar recursos fazem com que apenas os cineastas do eixo “Rio - São Paulo” consiga produzir cinema.

A cultura local como em Belo Horizonte como os grupos de quadrilha junina e os grupos de congado não conseguem viver ativamente o ano todo, sua produção resumo aos dias estimados para apresentações e o resto do ano morrem no esquecimento da cidade.

Consumimos o tempo inteiro cultura de outros países e não valorizamos a produção das periferias e do interior brasileiro, consome-se pirataria no Brasil por não poder pagar R$ 80,00 num DVD original onde encontramos o mesmo por cinco reais.

Por fim, entre estes e outros questionamentos, antes de pensar na produção da cultura, devemos entender que a cultura é um direito e não uma ajuda.



.

“Acordei com um sonho e com o compromisso de torná-lo realidade"
Leonardo Koury Martins

"Gostar é provavelmente a melhor maneira de ter, ter deve ser a pior maneira de gostar"
Saramago

"Teoria sem prática é blablabla, prática sem teoria é ativismo"
Paulo Freire

"Enquanto os homens não conseguirem lavar sozinhos suas privadas, não poderemos dizer que vivemos em um mundo de iguais"
M.Gandhi

"Por um mundo onde sejamos socialmente iguais, humanamente diferentes e totalmente livres"
Rosa Luxemburgo