No incentivo de
tentar organizar as ideias depois de algumas semanas de lutas intensas por todo
país. Venho fazer algumas considerações fundamentais para que não façamos um
discurso midiático de que é uma explosão de gente sem bandeiras e que o Brasil
Acordou.
É fundamental
decorrer sobre a história do Brasil. Como antes já escrito, não somos um país
de preguiçosos e menos ainda uma manifestação que tem apelo midiático ou por
conta do facebook. Certamente que nossa história e os diversos problemas
sociais alinhavados com os lindos estádios erguidos na contradição da ausência
de serviços públicos para a maioria da população e o valor das passagens de
ônibus, que está entre as mais caras do mundo, tornam-se grandes bandeiras
mobilizadoras. Usaria aqui um dos slogans publicizados nos últimos dias: Não é
por centavos, mas sim por direitos.
Lutamos pelas
vias populares desde a chegada dos portugueses, sejam os indígenas pela
resistência a invasão europeia e a população negra contra a barbárie provocada
pelos navios mercantes da escravidão. Lutamos nas revoltas dos Quilombolas,
Emboabas, dos Cabanos, da Conjuração Baiana. Fomos ousados enquanto brasileiros
para assumir a cara do Banditismo, nas figuras de Maria Bonita e Lampião, do
tirar dos ricos e dar aos pobres e de tantos outros personagens da história que
traz uma cara e uma cor nacional. Como diz na letra dos Racionais MC's:
"Coisa do Brasil super-herói mulato, defensor dos fracos". Nós
brasileir@s temos ao longo de nossa história nossos próprios heróis como Anita
Garibaldi e Mariguella, entre outras e outros, mas sempre lembrando o que dizia
Florestan Fernandes, sofrendo e estando na mesma luta.
Quem são eles?
São brasileira@,
em tese sua grande maioria mobilizad@s nas redes sociais, mas outra grande
parte das mobilizações de movimentos sindicais, estudantis e de grupos
culturais que há tempos vem tentando unificar suas marchas. Exemplo em Porto
Alegre, São Paulo, Salvador e Belo Horizonte que construíram a unificação da
marcha contra o estatuto do Nascituro, Marcha das Vadias, Movimento do Passe
Livre e Paralisações de categorias profissionais levam em sua unificação mais
de 20 mil pessoas nas ruas destas cidades e espalham este grito de luta.
Contudo estes
milhares de usuários da internet, mobilizados pelo facebook carregam consigo diversas
bandeiras que colorem o movimento social com a cara e a realidade das demandas
populares na diversidade e pluralidade de reivindicações.
São legítimas
independentes do politicamente e academicamente correto, são gritos num olhar
ingênuo de desorganização, mas pautam políticas de mobilidade urbana, saúde, educação e combate a
corrupção no Brasil, eles são militantes com sangue revolucionário, não estão
ai para voltar para trás, menos ainda fazer o jogo da mídia e da direita. Inclusive não são a favor do modelo falido que
a política brasileira se atualmente se organiza, que não quer dizer exatamente apolíticos
ou despolitizados, como também fazem sua própria mídia, como exemplo as vaias a
Rede Globo nas manifestações em Belo Horizonte.
Quem eles pensam que são?
Estas
brasileiras e brasileiros que agora se encontram em milhares, nas ruas de todas
as capitais e grandes cidades e até mesmo em cima do Congresso Brasileiro
certamente são protagonistas de uma nova história dos movimentos sociais.
Marcados pela
melhor organização nas redes virtuais, no acesso as mídias e produzindo sua
própria opinião pública, trazem uma unidade nas ruas que deve neste momento de
explosão ser pactuada na unidade das lutas.
Este dever está
na responsabilidade dos movimentos sociais organizados que circulam entre as
manifestações. As pautas dos sindicatos, movimentos culturais, dos movimentos
estudantis deve ser canalizada para propostas mais claras à agenda nacional e
aos governos para que não sejam em vão.
Termino fazendo
a análise de que este momento tem o intuito de quebrar paradigmas, de trazer um
novo dialogo com a classe trabalhadora, pois os defensores do capitalismo longe
passam destes espaços, por mais que querem aproveitar de forma equivocada e
pouco crédula, só perceber a desorganização da informação pela imprensa
televisiva.
Estão nas ruas
as respostas da unidade, no dialogo com o povo e nada diferente disso. Não se
oprime bandeiras em tempos de manifestação como este, mas se canaliza para
focos prioritários. Em tempos de manifestação, ali está o povo unificado para a
construção de um novo momento e apenas El@s pensam que são brasileir@s, cansad@s
e oprimid@s pelo sistema vigente.
Um novo Brasil
se constrói nas ruas, vem pras luta também.
--
Leonardo Koury - Brasileiro. Escritor, Assistente Social e Militante do Movimento de Ação e Identidade Socialista MAISpt
2 comentários:
Boas reflexões. Continue escrevendo, pois é importante mobilizar mais pessoas p estas manifestações q podem significar uma importante mudança de paradigma.
Parabéns!
Abraços,
Cibelle
Leo, sempre nos emocionando e puxando à reflexão do nosso objetivo maior: uma sociedade justa. É importante estarmos atentas e atentos aos sinais que este movimento nos passa. É um tempo diferente, todas as coisas mudaram, inclusive a militância e o povo. Em que mudamos e como essa mudança vai nos influenciar no caminho de fazemos é que será o desafio da Esquerda Brasileira. Compreender tais manifestações é muito mais do que se deixar levar pela beleza que é o povo nas ruas, reivindicando direitos, é olhar à frente e lutar para que este momento de sanidade não seja fugaz e, assim, como em outros momentos, não nos deixemos voltar à alienação.
Saudações.
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