quarta-feira, 28 de junho de 2023

Ainda não é o justo para ele


Charge: Quino
Charge: Quino


O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) resolveu tirar a venda dos olhos com relação aos crimes do inominável. Como deputado, já falava barbaridades e utilizava de forma duvidosa os recursos do gabinete parlamentar. Os filhos dele copiaram o pai e a ciranda dos podres poderes criaram raízes e reforçaram a tristeza da nação. 

Na função política de maior prestígio, o pai ceifou a democracia com suas palavras infundadas, xingou ministros, fez motociata – campanha antecipada -, e sempre usou a estrutura pública para fazer campanha. Inventou, reinventou mentiras sobre as urnas eletrônicas e até fez reunião oficial com embaixadores com o intuito de mentir sobre o nosso sistema eleitoral, aliás, por meio do qual o próprio foi eleito e reeleito deputado várias vezes. 

Então, o Brasil foi “Da lama ao caos” e o TSE assistiu a tudo, sem considerar, de 2018 a 2022, que era com ele, mas era! Que joia, né? Todavia, o que o TSE está para fazer esta semana – tornar ilegível o inominável – é um atraso jurídico e político. Já em 2021, o parlamento deveria ter aberto um processo de impeachment. 

Covardes! 

Por omissão da extrema direita e pela parcimônia da esquerda. Além disso, crimes e mais crimes de responsabilidade acumulam-se sobre as costas do inominável: causou a pandemia ao negá-la, impediu e desmotivou as pessoas a se vacinarem e, pior ainda, inventou remédios falsos, crime de charlatanismo, prevaricação, desviou dinheiro e fez mau uso do dinheiro público, usou um suposto relatório do Tribunas de Contas da União, disseminando que a maior parte das mortes por Covid-19 derivaram de outras doenças, fato desmentido pelo próprio órgão. 

E depois? Somem-se os crimes contra os Direitos Humanos e, mais recentemente, a falsificação de sua carteirinha de vacinação. Não vamos encaixar aqui a incitação de crianças a pegarem em armas e nem o “pintou um clima”, quando o inominável relatou ao ver uma adolescente na frente da sua casa. “Ai!”, “Esse grito contido” pela justiça, agora faz “Aquarela”. 

Pelo infortúnio de não emplacar seu candidato à presidência, o PDT ao menos escolheu melhor as palavras e as articulações, solicitando ao TSE que declare inelegível o inominável e seu vice camuflado, pelo motivo corriqueiro do governo do ex-presidente da República - abuso de poder político. Claro, o uso impróprio de dinheiro público também consta na ação, conforme informação do site do TSE, ao reunir “embaixadores estrangeiros, no Palácio da Alvorada, em 18 de julho de 2022. O PDT informa que o encontro de Bolsonaro com os embaixadores foi transmitido, ao vivo, pela TV Brasil e pelas redes sociais YouTube, Instagram e Facebook, que mantiveram o conteúdo na internet para posterior visualização”. 

O poeta Caetano Veloso já tinha nos avisado: “Enquanto os homens exercem/Seus podres poderes/Motos e fuscas avançam/Os sinais vermelhos/E perdem os verdes/Somos uns boçais”. É verdade que o sinal verde já está aceso desde quando o inominável estava no poder, espalhando sua podridão pela boca que não cala. Cálice! Agora, o TSE faz meia justiça, mas não podemos esquecer dos outros crimes. Por uma punição exemplar a ele e a sua trupe pedante! 

Enfim, “Apesar de você/Amanhã há de ser/Outro dia/Eu pergunto a você/Onde vai se esconder ...”. 


Israel Aparecido Gonçalves é mestre em Ciência Política, doutorando em Sociologia Econômica pela UFSC. Autor de 12 livros. @prof.israelnapolitica

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