Nos últimos meses andei lendo
algumas matérias nos jornais, dialogando com amigos e me atentando com certos discursos
perigosos sobre drogas.
Afinal, o problema não é o CRACK!
Ou melhor, o problema não são as drogas.
Arrisco-me a fazer outra discussão, algo que leva em consideração outros objetos
de análise e discursem conjuntamente com a perspectiva de saúde pública e sócio
econômica.
As drogas são inerentes aos dias atuais, mais
fortes ou menos fortes, a humanidade em toda sua existência a reconhece e a
constrói tanto quanto espaço do lazer ou até mesmo como forma de desorganizar o
enquadramento que estamos sempre predispostos.
Temos que ter em nossos discursos,
o papel rebelde de possibilitar algumas análises fundamentais, estas que serão
polemizadas ao olhar ingênuo de alguns sujeitos sociais. A relação da luta
contra as drogas não está no efeito que se causa, mas que modelo que se
constrói a vida.
Chegamos a produzir laboratorialmente
o crack por fins econômicos, na observância do modelo social que nos transforma
em sobreviventes e estabelece como única relação de poder o lucro. A
precariedade da vida e a pobreza que estamos expostos nos transformam em
dependente das drogas mais baratas, não por ela apenas existir e fazer mal, mas
como elemento complexo na construção do Capitalismo.
O que poderíamos esperar de uma
sociedade na qual valemos o que temos e não o que somos? As frustrações e as
buscas são de todas as classes sociais, aos ricos o consumo de Whisky ou de
antidepressivos e aos pobres, as drogas baratas como cigarro ao crack.
Porem todas produzidas em
laboratório por seres humanos. Drogas que poderiam ser buscadas de formas
naturais entram no mesmo patamar por questões econômicas, medo inclusive de
concorrência de se produzir ou comprá-las produzidas.
Importante ressaltar a quem serve
o comércio das drogas no mundo. Aos empresários, políticos e a justiça que se
sustentam do tráfico, aos donos das indústrias de cigarro e bebidas, aos donos
das farmácias e laboratórios de remédio. A quem serve o tratamento e o único
papel de dizer não as drogas? Aos seus usuários?
Se quisermos poupar vidas temos
três deveres. Cobrar dos seus reais produtores comerciais o seu fim;
possibilitar a sociedade que historicamente faça uso, mas que produza e
conserve seu consumo de forma natural entendendo que a saúde não é apenas
visual, mas também intelectual.
Mas que mudemos o modelo de produção econômica
do mundo, pois o Capitalismo nos trata como objetivo e não será dentro dele que
seremos valorizados enquanto seres humanos.
2 comentários:
Perfeito! De acordo com a perspectiva lacaniana, o sujeito que precisa recorrer a droga como forma tratamento da sua angústia, está submetido ao discurso capitalista. Este sujeito recorre a um objeto produzido pela ciência, o que acarreta o seu assujeitamento, em termos psicanalíticos, há um declínio do sujeito dividido, do sujeito do inconsciente, do sujeito ético do desejo. O sujeito torna-se o objeto que ele consome e passa a se identificar como tal: "sou toxicômano", "sou alcoolista". Há aí a exclusão do ser do sujeito. Exclusão esta associada sim à disposição desenfreada de drogas psicoativas lícitas e ilícitas pelas indústrias farmaceuticas, do álcool, do tabaco, entre outras.
Como bem disse, até remedios com ingredientes naturais são vendidos nas prateleiras das farmácias.
Um impuxo ao consumo do qual o contemporâneo torna-se refém.
Thank you for sharing so many photos, they are so beautiful and touching my heart!
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