terça-feira, 29 de setembro de 2020

Resistência dos movimentos durante a pandemia alimenta a esperança

 



"A resistência alimenta a esperança na história da humanidade, construindo condições objetivas para uma sociedade nascida do poder popular"

Lutar, resistir e sonhar são verbos que se fazem presentes nos longos meses de pandemia

Frente as dificuldades pela situação de emergência em saúde provocada pela pandemia do coronavírus, o Brasil, se flagela entre as queimadas dos maiores biomas do país, a volta precipitada de serviços e o aumento da miséria. A população fica assim ainda mais vulnerável a toda forma de opressão.

Porém é neste cenário que se reinventam brilhantemente os movimentos sociais.

A população de baixa renda no Brasil vive na penúria entre a alta dos preços dos alimentos e a diminuição do auxílio emergencial. No momento mais difícil já vivenciado pela história da humanidade, perceber que os mais pobres assistem aumentar a desigualdade social como consequência das decisões do governo federal e de seus aliados.

Esta difícil realidade é resultado do golpe de 2016, a partir do qual, percebe-se uma correlação de forças que produziu um governo sem nenhuma participação da classe trabalhadora. O avanço do neoliberalismo trouxe uma agenda desfavorável aos mais pobres. O sucateamento das políticas públicas, o fim dos conselhos de direitos, a Emenda Constitucional 95, as reformas trabalhistas e da Previdência enfrentaram a resistência dos movimentos sociais, mas ainda assim, se realizaram.

As ações que se instituem no campo da solidariedade de classe, vem sendo promovidas em todo país e tem sido uma forma de denunciar tais violências na busca por minimizar o caos vivenciado no campo e na cidade. A alta dos preços dos alimentos é resultado do esvaziamento das políticas de segurança alimentar e nutricional e do apoio a agricultura familiar. E por outro lado assistimos a ampla expansão do agronegócio, principal responsável pelos incêndios criminosos nos biomas da Amazônia, Cerrado e Pantanal dos últimos anos.

 A população de baixa renda no Brasil vive na penúria entre a alta dos preços dos alimentos e a diminuição do auxílio emergencial 

Nas cidades, os cortes nas políticas sociais e o aumento do desemprego, se somam a decisão de redução de 50% no valor do pagamento do auxílio emergencial. Os responsáveis pela pasta da economia do governo federal pretendem ainda este ano reapresentar o programa Renda brasil, configurando o fim do positivo histórico do Bolsa Família.

Nos últimos meses se destacam e se intensifica as ações de base, entre elas as ações promovidas pelo Movimento de Trabalhadoras e Trabalhadores por Direitos (MTD). O movimento está organizado em diversas periferias brasileiras e ao promover ações de diálogo sobre o direito à alimentação e os cuidados básicos em saúde, consolida a aproximação com a população em situação de baixa renda de forma politizada.

Também, a produção de alimentos pela produção da reforma agrária, em especial do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), mostra a força da agroecologia. Esta ação promove a resistência do campo frente aos ataques sofridos, como no sul de Minas Gerais, na cidade de Campo do Meio.

Não é possível viver pela metade. A resistência da classe trabalhadora e dos movimentos organizados tem feito frente à adversa agenda imposta pela pandemia e aos neoliberais. Entre atos nas redes sociais, atividades de formação, gritos de excluídos e excluídas e ações da juventude, os movimentos se reinventam.

A resistência alimenta a esperança na história da humanidade, construindo condições objetivas para uma sociedade nascida do poder popular. Lutar, resistir e sonhar são verbos que se fazem presentes nos longos meses de pandemia. Bem como as ações dos movimentos e frentes de lutas que acreditam na classe trabalhadora!


Leonardo Koury Martins é assistente social, professor, conselheiro do CRESS-MG e militante da Frente Brasil Popular.

Nenhum comentário:

“Acordei com um sonho e com o compromisso de torná-lo realidade"
Leonardo Koury Martins

"Gostar é provavelmente a melhor maneira de ter, ter deve ser a pior maneira de gostar"
Saramago

"Teoria sem prática é blablabla, prática sem teoria é ativismo"
Paulo Freire

"Enquanto os homens não conseguirem lavar sozinhos suas privadas, não poderemos dizer que vivemos em um mundo de iguais"
M.Gandhi

"Por um mundo onde sejamos socialmente iguais, humanamente diferentes e totalmente livres"
Rosa Luxemburgo