Para um país
convencionalmente “não racista”, a ideia do Rolezinho é um caso
de segurança pública, de uma medida severa que o Estado tem que dar
como resposta social a uma possível agressão ao patrimônio
privado.
Porem, cotidianamente
esta resposta é dada nos “rolezinhos” em todo país. Seja no
toque de recolher da periferia, no qual a juventude principalmente
negra e pobre deve explicações diversas para justificar a
“autoridade policial” porque está andando na rua sozinho ou em
grupo a noite.
Também percebemos esta
resposta no dia a dia da execução das políticas públicas quando
jovens negr@s devem explicações sociais porque tiveram direitos as
cotas e até mesmo aos negros e negras que conquistam um padrão
maior de consumo ou um acesso melhor ao mercado de trabalho.
O preconceito que está
envolto seja pela ascensão via talento musical, ou pela qualidade
nos esportes ou por ser um doutor em geografia como em vários
discursos, Milton Santos tinha que responder aos reportes, como é
ser um intelectual negro e não como é ser um intelectual.
O que está em jogo nos
“rolezinhos” é uma negação do direito de ir e vir da juventude
periférica, que com a melhoria econômica passou a poder ter poder
aquisitivo e frequentar os mesmos lugares antes rodeados de pessoas
brancas.
Fato é que sempre
parece mais conveniente provocar uma discussão no âmbito da
segurança pública sobre os “rolezinhos” do que discutir o
racismo presente na sociedade que marginaliza o acesso de negr@s
desde os shoppings as cadeiras da universidade.
A grande questão é o
medo de uma sociedade fragilmente burguesa e racista em perceber que
estamos em um país no qual eles não são mais os donos de escrav@s,
de uma sociedade branca que se entristece nas redes sociais pela
morte de Nelson Mandela porem aplaude a ação racista da polícia em
dizer quem tem o direito de se organizar enquanto raça e classe.
Leonardo Koury Martins - Escritor, Assistente Social e Militante dos Movimentos Sociais
Um comentário:
Essa demanda por acesso a cultura, territórios e espaços que se pretende reservar apenas para alguns. O “rolezinho” é apenas uma dessas demandas por acesso. É bom que a Polícia e o Estado compreendam isso, para não transformarem isso num fator de conflito e violência novamente.Isso prova que o preconceito e o segregacionismo geográfico ainda persistem.
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