Tenho certeza que algumas coisas são necessárias para uma análise em relação a algumas pautas que vêm sendo colocadas, parte pela esquerda brasileira, parte pela sociedade cristã e conservadora e parte também por aqueles que se julgam diferentes dos atuais modelos e eco-socialistas.
Não podemos esquecer que para uma sociedade ecologicamente pautada nos princípios da sustentabilidade, o capitalismo certamente não é a melhor opção de modelo econômico, pois nada o atrai mais do que a seu papel principal (o lucro). A construção de uma sociedade na qual a harmonia entre homem e natureza não pode se dar apenas como bandeira de governo, mas numa nova hegemonia cultural que percebe a importância de onde chegamos enquanto espécie humana e para onde acreditamos ter capacidade e avançar pensando nos próximos anos e vivendo não ecologicamente, mas humanamente melhor. Daí não podemos pautar o meio ambiente sem esquecer da importância da educação, da cultura, da saúde, da assistência social e demais setores não apenas governamentais que propõe uma qualidade de vida humana e de igualdade e diferença a todos/as cidadãos e cidadãs.
A sociedade cristã e conservadora (pois os cristãos não conservadores poucos deles se organizam na teologia da libertação), deve-se lembrar que a intolerância religiosa e seu papel orientador político no mundo fomentou destruição dos desiguais, morte de índios, ciganos, árabes entre outros povos e culturas ao longo de uma história de cruzadas e de perseguições. Portanto o Brasil conquistou a todos os religiosos e não religiosos algo fundamental para a convivência coletiva, a idéia de um estado laico. Este estado que ainda não se concretiza totalmente por ter mais símbolos religiosos católicos e nada de algum artefato relacionado a Ubanda ou outra religião presente em prédios públicos. Porem a conquista do estado laico faz com que judeus e palestinos possam viver no mesmo bairro de forma harmoniosa.
E por fim, pensando enquanto esquerda brasileira e o desafio a ela coloca, podemos claramente dizer duas coisas fundamentais. A primeira que entre Serra e Dilma não se tem escolha, pois de um lado há um projeto que a menos de 50 anos estava no poder representando a ditadura e a falta de investimentos sociais e de outro um projeto que dialoga com a universidade, com o povo e por mais difícil que seja tenta construir um país de todos.
Agora enquanto esquerda revolucionária, devemos ter claramente a idéia de que não podemos cobrar do PT e de nenhum governo constituído que este faça a revolução como alguns partidos de esquerda querem. Não existe estado fazendo e revolução, o papel do estado não é esse. O papel de construir bases sólidas a revolução vem do povo, da organização dos movimentos sociais e seria injusto querer que pós 500 anos de um passado de governos nada populares apenas o governo Lula / Dilma tenha este papel.
Vamos votar Dilma, mas vamos também nos comprometer que para além das importantes conferências organizadas pelo governo, que tenhamos pautas de reivindicações coletivas, que possamos nas ruas com o povo (principalmente o mais pobre) construir uma idéia de que política não é apenas transferir poder através de um biênio eleitoral, mas a luta do dia a dia acreditando que um outro mundo além de ser possível e necessário pautado na igualdade social, na diferença humana e na possibilidade de sermos totalmente livres como Rosa Luxemburgo um dia deixou este sonho a todos/as nós.
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