domingo, 19 de outubro de 2014

Elites e o ódio de um Brasil que antes era escrito com Z e não com S



A grande diferença entre os governos PSDB e PT, principalmente no que tange a questões de identidade e relação estabelecida internacional é a discussão internacional.

Ao longo de muitas décadas o Brasil foi um país esquecido internacionalmente. Nada além de uma república corrupta e analfabeta, de grande projeção em riquezas naturais, mas sobre domínio político e ideológico estadunidense. 

Sejamos sinceros ao lembrar episódios tristes da nossa história, quando o ex presidente Fernando Henrique pedia permissão a Inglaterra e Estados Unidos para alguma tomada de decisão. A discussão de autonomia e independência surgia para o mercado, mas nunca para a Soberania Nacional.
Nos últimos doze anos, poderia enumerar profundas diferenças em relação a cultura e a discussão de estado. Porem é necessário ao menos três episódios para marcar tais diferenças, estes perpassam a economia, cultura e posição política internacional.

Pensar que as empresas brasileiras, reféns da moda estrangeira e de uma pequena elite, foi promovida internacionalmente com apoio do governo brasileiro. A engenharia, como exemplo, tem financiamento do BNDES, que antes não se tinha, para financiar obras brasileiras em especial na América Latina e África. Tal iniciativa não apenas gerou divisas ao Brasil, como revolucionou a tecnologia e a criação de empregos brasileiros em vários cantos do mundo.

No âmbito da Cultura, o reconhecimento de um país Latino Americano a si mesmo, bem como o processo de valorização do turismo sul americano e caribenho foi uma das grandes marcas do Brasil. 
Não apenas no eixo turismo de férias, mas do turismo de negócios e do turismo da educação. Muito além do ciências sem fronteiras, programa criado no Governo Petista, as relações internacionais no que tange a Ciência, Cultura e Relações Internacionais cresceram quase que do Zero e trazem o Brasil no topo da integração internacional. Nunca houveram tantas discussões no âmbito das Políticas Sociais e suas perspectivas internacionais, bem como integrações na discussão sobre culinária africana e latina. 

As posições políticas do Brasil, seja nos organismos internacionais ou mesmo na cooperação internacional é destacável. A relação política com a África que nunca havia saído do papel mudou, o Brasil passa a ter como seu maior parceiro comercial a China e não mais os Estados Unidos, além do BRICS que integra uma nova condição de financiamento e desenvolvimento dos países que antes dependiam do Banco Mundial e sua cartilha liberal.

Questões como o reconhecimento do território palestino, a discussão sobre uma intervenção realmente humanitária que acontece hoje no Haiti e a posição do Brasil frente a voz dos excluídos, que superaram o mapa da fome da ONU/PNUD, mas não deixam de ter posição contra os ataques imperialistas.

Apenas um país que possam manter a soberania e compreender que América Latina é um importante eixo da luta contra o imperialismo pode ser chamado de uma país do futuro. Contrário disso será o repetido discurso contra Cuba e a submissão ao governo Norte Americano. 
Não sinto saudades de um governo que assinava o Brasil com Z e não com S.


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Leonardo Koury – Escritor, Educador, Assistente Social e Militante dos Movimentos Sociais

terça-feira, 7 de outubro de 2014

Preconceito Social e Racial nas Urnas



Este pequeno texto não tem a intenção de fazer um relato sobre Dilma ou Aécio, mas será uma fonte de críticas da atual conjuntura humana que  vivemos nas últimas semanas no Brasil.

Uma onda de Ant-Algo que não é medo do “Antes ou do Agora”, mas sim uma forma relativamente óbvia de anular o debate democrático. Ser anti partidário ou se considerar intelectualmente superior é uma forma simples de negar os argumentos do outro e desfazer toda argumentação de que maiorias ou minorias democráticas se formam na diferença de opiniões e não da negação do ser. Vale lembrar que apartidário é diferente de ser anti-partidário.

Na última semana em especial, assustei-me ao perceber nas redes sociais, discursos de ódio e afirmação de que Dilma foi para o segundo turno com voto de pessoas negras e burras, nordestinas que estão presas no “cabresto” do Bolsa Família. Esta afirmação surgiu em de alguns eleitores do Estado de São Paulo que constroem através do Facebook e Twitter uma forma de organizar seus amigos e familiares para eleger Aécio presidente.

Se o voto é Secreto, como sabem que os eleitores do PT são os que tem menor escolaridade? Se o voto é secreto quer dizer que São Paulo, o Estado com o maior índice de famílias pobres brasileiras que tem o direito à transferência de renda, tem eleitores pobres mas inteligentes que não querem viver mais de Bolsa Família e os eleitores do Nordeste brasileiro são menos inteligentes? Como subsidiam estes argumentos se não for pelo preconceito social e racial?

Se o voto é Secreto como definem se quem votou era negr@ ou branc@, pobre ou rico?

Cheguei a ler também, que eleitores homossexuais preferem Dilma e Luciana Genro porquê elas não tem pudor. Porem como sabem ao certo que quem as elegeu tem essa ou aquela orientação sexual? Quem define que a comunidade LGBT é minoria ou maioria social?

A grande questão, inclusive para se enfrentar pós eleições, é que temos o dever de intensificar o debate sobre Direitos Humanos, como também, o debate sobre Raça e Classe no país qual uma parcela de sua população se identifica a cada dia com conceitos de uma economia liberal e determinantes preconceituosos. Essa parcela populacional que constrói o discurso afirmando não diferenças humanas, mas sim desigualdades e opressões.


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Leonardo Koury – Escritor, Educador, Assistente Social e Militante dos Movimentos Sociais

“Acordei com um sonho e com o compromisso de torná-lo realidade"
Leonardo Koury Martins

"Gostar é provavelmente a melhor maneira de ter, ter deve ser a pior maneira de gostar"
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"Teoria sem prática é blablabla, prática sem teoria é ativismo"
Paulo Freire

"Enquanto os homens não conseguirem lavar sozinhos suas privadas, não poderemos dizer que vivemos em um mundo de iguais"
M.Gandhi

"Por um mundo onde sejamos socialmente iguais, humanamente diferentes e totalmente livres"
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