domingo, 22 de dezembro de 2013

Blog de Esquerda comemora 10 anos e 2 milhões de acessos




Com mais de 2 milhões de acessos desde dezembro de 2007 (com a publicação do Poema Venda as Vendas), nasce a ideia que integra o movimento de Blogueiros Progressistas. A causa é descrever a dialética, a contradição e perceber o que se diz e o que se faz, a teoria e a prática. Não é fácil alimentar publicações e sobreviver uma década. Não é utilizado propagandas, financiamento privado e a vida do Blog foi documentar as ações dos movimentos sociais e as lutas sociais, etapa permanente na luta de classes. o Blog Teoria versus Pratica completa este mês, 10 anos no ar. 

Entre os espaços do Blog: biografias indicadas e sítios recomendados, a luta pela democratização da comunicação, a tentativa de perceber o mundo por imagens, as crônicas, artigos e a poesia escrita ao longo destes anos; vários outros blogs também começaram a cumprir no mundo digital o papel de não deixar apenas a imprensa privada dizer por nós (classe trabalhadora).

Atualmente o Blog Teoria versus Pratica conta com 4 colaboradores (e sem revisor, rss), atuando nas lutas populares na qual os midialivristas dedicam integralmente sua posição à esquerda latino-americana.

Quem constrói a história não são os reis, os presidentes e menos ainda os heróis, mas sim o povo nas ruas, tornando a construção do dia a dia como possibilidade de uma nova ordem societária, longe de toda forma de opressão e de desigualdade.

Aos próximos anos parafraseando Gandhi, servirá aos incomodados a mudança do mundo.







domingo, 24 de novembro de 2013

Privatização ou Concessão? Chega, vamos também falar de Revolução



Nos últimos meses acirrou um debate vindo de uma parcela da Direita brasileira, a igualação de que o Governo Dilma está propondo para o desenvolvimento econômico no país as mesmas diretrizes do que o governo Fernando Henrique Cardoso, no âmbito da infraestrutura.

Em suma, de que a nossa política econômica e nossa proposta de modernizar a maquina pública estavam caminhando com os mesmos princípios. Para a Direita, a era das privatizações do FHC não tem diferença objetiva da nossa atual política econômica referente a concepções do patrimônio público estatal.

Como comparativo, o leilão da Vale girou em torno de 3,34 bilhões, a concessão dos aeroportos girou em torno de 23 bilhões. A principal diferença está inicialmente de que o patrimônio continua público e de que este dinheiro será para alavancar a infraestrutura do país. As concessões ajudariam o governo na perspectiva de que o empresariado se responsabilizaria de melhorar no caso os aeroportos, bem como, também uma parcela dos ganhos voltariam ao governo brasileiro.

É obvio, e ninguém discute que alugar é melhor do que vender. Porem trago a ousadia de uma terceira discussão, saindo da lógica de que privatização e pior do que concessão. Quando vamos debater a revolução?

Não tenho a ilusão do socialismo utópico, de que vou acordar num pós Brasil / URSS, porem acordo todos os dias num paradoxo de um governo que atende ainda muito mais o Agronegócio (haja visto o ministro da agricultura) do que atende os anseios da reforma agrária. De que reforma tributária e fiscal estão longe da taxação das grandes fortunas e da possibilidade de pensar imposto sobre riqueza e não sobre produto. No Brasil, ricos e pobres pagam o mesmo imposto pelo litro de leite, mas as grandes empresas pagam uma conta de luz infinitamente mais barata e tem acesso a crédito de forma mais ágil e com juros menores.

As relações políticas e econômicas hoje atendem muito mais as bancadas ruralistas, do empresariado, da educação privada e religiosa do que os interesses sindicais e populares. Não estou negando os avanços das políticas sociais, porem nos cabe sempre relembrar as dimensões de partido, governo e movimento social, como também se lembrar do que nos faz partido político e de que princípios nós, Partido dos Trabalhadores defendemos. Aonde queremos chegar e porque governar, com quem e para quem governar.

Na administração do capital, em meio à discussão de que concessão é bem melhor do que privatização, apenas sugiro outro discurso, quando vamos debater a Revolução?


Leonardo Koury – Escritor, Assistente Social, Educador e Militante dos Movimentos Sociais

sexta-feira, 15 de novembro de 2013

Por um Novo Sistema Político, Reforma Eleitoral é pouco




Nestas últimas semanas, ao acompanhar as reportagens sobre o debate da Reforma Política nos noticiários comecei também a perceber, que nada se tratava apenas de uma Reforma Eleitoral e muito distante da cobrada pelos movimentos sociais e de milhões de brasileiras e brasileiros a menos de seis meses em todas as ruas do país.

Obviamente a limitação de pensar uma Reforma Política avançada, não está por conta da capacidade intelectiva do atual congresso. Os deputados estão alijados num modelo político que os fazem disposto a pouco avanço e propensos a corrupção. Trazer uma nova discussão política por um mecanismo monocrático e falido como o Congresso, não traria os mesmos frutos tão cobrados pelas camadas populares e tão necessários para o avanço da cidadania.

A grande questão pontuada nas ruas a menos de seis meses está não no processo de escolha dos políticos brasileiros, mas em que forma se organizaria a política institucional no Brasil.

O projeto de lei construído no seio do Congresso através da Câmara de Deputados, não discute as relações de poder entre as iniciativas populares de apresentação de emendas e ou leis, quanto menos fortalece a discussão sobre o papel do Judiciário e dos setores da comunicação nacional, bem como a eficácia do financiamento público.

Nesta lógica, Os Movimentos Sociais, Assembleias Populares e demais organizações políticas iniciam neste ano e pretendem na primeira semana de setembro provocas a sociedade e as ruas de todo Brasil com uma pergunta: “Você é a favor de uma Constituinte Exclusiva e Soberana sobre o Sistema Político Brasileiro?”. Esta será a pergunta do Plebiscito Popular com o intuito de lançar uma Constituinte Exclusiva e Soberana sobre o Sistema Político Brasileiro.

A grande questão não está no como fazer política institucional no Brasil, mas em compreender a provocação das massas populares que é: Quem faz e quem organiza o Sistema Político Brasileiro.

Na certeza que traz Nicolau Maquiavel, a discussão se torna, não na questão de fins ou meios, mas que o Príncipe deve entender que não é soberano e que os anseios do povo são mais importantes do que o desejo dos poderosos. Pátria Livre, venceremos.


Leonardo Koury - Escritor, Assistente Social, Educador e Militante dos Movimentos Sociais




domingo, 13 de outubro de 2013

Plebiscito Popular: 19 a 27 de outubro de 2013



Um amplo conjunto de organizações sociais se reuniu no último dia 9 de março, em Belo Horizonte, para debater sobre a conjuntura de Minas. Estiveram presentes mais de 120 lutadores e lutadoras do povo, militantes de mais de 50 organizações, de 35 cidades do estado.

Identificamos que Minas Gerais é um estado de muita riqueza – social, cultural e natural. Mas, infelizmente, essa riqueza não é dividida igualmente. O projeto de estado em curso hoje prioriza uma minoria, dona de terras, das grandes empresas, dos meios de comunicação e das demais estruturas de poder, em desvantagem de uma imensa maioria, que não tem acesso à essa riqueza.

Essa injustiça se manifesta de diversas formas. Uma das mais simbólicas recebemos todos os meses, em nossas casas: nossa conta de luz. Ao observarmos a nossa conta de luz, podemos elaborar facilmente duas questões:

Porque é tão cara?
Porque pagamos tantos impostos?

Ao analisarmos com mais profundidade essas questões, descobrimos que Minas possui uma das energias elétricas mais caras do país. Descobrimos que possuímos uma grande empresa, a CEMIG, que possui lucros bilionários. E que essa mesma empresa tem o maior índice de acidentes de trabalho do país – o que causa a morte de, em média, 8 trabalhadores por ano. Descobrimos, também, que quase todos esses trabalhadores são terceirizados (ou seja, não são funcionários do quadro próprio da CEMIG), que recebem péssimos salários, por um trabalho tão pesado e perigoso.  E descobrimos ainda que, nos últimos anos, a CEMIG tem cada vez mais contratado mais trabalhadores terceirizados, aumentado mais o preço da sua tarifa para a população, investido menos na sua estrutura e no seu serviço, e colhendo disso lucros cada vez mais gigantescos!

E pra onde vai esse lucro? Para o povo de Minas é que não é. Grande parte desse dinheiro vai para o bolso de acionistas estrangeiros, hoje, os verdadeiros donos da CEMIG.

Mas, pelo menos, o imposto caro que pagamos na nossa conta deve retornar pra gente, na forma de serviços de qualidade por parte do estado, não é mesmo? Todos/as sabemos que não… Na verdade, esses impostos, dos quais o ICMS é o principal, servem de moeda de troca do governo com as grandes empresas. Elas recebem isenções e descontos, e nós pagamos a conta.

A partir de tudo isso, vimos que é urgente fazermos alguma coisa. Definimos, então, pela construção de um grande processo de debate com a população mineira, sobre a situação da energia e do ICMS no estado. Esse processo acontecerá ao longo de todo o ano, e terá como momento principal a realização de um Plebiscito Popular estadual, no período de 19 a 27 de outubro.

Convidamos desde já a todas as organizações sindicais, movimentos sociais, partidos políticos, pastorais sociais, entidades estudantis e todo/a cidadão/ã interessado/a a participar do Plebiscito. No fundo, convidamos a todos/as para a reflexão e o debate sobre o projeto de estado que queremos construir, se seguiremos sendo a Minas de poucos, ou assumiremos em nossas mãos a construção da Minas do povo.

Assista o Vídeo e entenda o porque do Plebiscito:



domingo, 18 de agosto de 2013

A importância do Black Bloc no Brasil




A algum tempo ando lendo críticas severas a uma forma de organização que vem tomando as ruas no Brasil, porem fazem já parte do cotidiano das lutas sociais em várias partes do mundo. Diferente de muitos comentários lidos, resolvi estudar e compreender desde a primeira manifestação que vi @s companheir@s de preto e mascarados nos anos noventa. Percebi que o Black Bloc, não necessariamente era uma seita ou organização político partidária como também não necessariamente tod@s presentes em uma manifestação teriam a mesma direção e coordenação de ações.

Li de um amigo, mais recentemente, que estes "marginais desocupados" como foram chamados, não tinham importância e eram desocupados por acampar e ocupar as vias públicas. Este comentário me entristeceu, pois este mesmo amigo na sua juventude tinha as mesmas posturas revolucionárias, não apenas ele mas os movimentos sociais que ocupavam as cidades cobrando mudanças sociais.

Ao ler, tamanha desobediência com a história da luta popular, senti a necessidade de responder sobre a importância dos tais "desocupados".

@s militantes que constituem o Black Bloc apenas ocupando o que os movimentos sociais tradicionais em grande parte deixaram de ocupar, muitos desaprenderam a sair às ruas! Os Ocupa Cabral ou Ocupa Câmaras e prefeituras em todo país emerge de um sinal, respondendo que está faltando como a participação popular, a transparência, que os governos estão destoantes com as necessidades do povo. 

A grande maioria das pessoas quando assistem os telejornais, olham as manifestações na frança e acham lindas e politizadas, porem tem criminalizado as mesmas manifestações ocorridas no Brasil. 

Identidade a parte, os Black Bloc existem na ideia de que tod@s ali marcarad@s são uma grande coletividade, sem diferenças e obviamente com a necessidade de não serem identificados pela polícia, mas suas marcas e protestos são pela coletividade e não pelo interesse individual, que se faz característico na cultura do Capital. 

Estes militantes não são de Direita, são em grande número militantes anarquistas como alguns também militantes de esquerda, porem jamais apolíticos. Criminaliza-los é contribuir com que menos pessoas estejam nas ruas lutando, é  simplesmente criminalizar as lutas sociais. Como diz um ditado Yankee, "Esquerda dividida é Direita feliz". 

Não choro pelo MC Donald ou pelos bancos quebrados, afinal a revolução dispõe a luta de classes e os donos destes empreendimentos de nada representam o povo. Aprendi na vida sindical que não devo reclamar do trânsito parado, pois todos os dias existem milhares de quilômetros de engarrafamentos, e são mais legítimas as manifestações do que o trânsito parado pela falta de consciência ambiental, pelo consumismo e a falta de políticas de mobilidade urbana. 

Chico Science já cantava nos mangues do nordeste onde muitos dançaram porem poucos o ouviram quando dizia: que eu me organizando posso desorganizar. Viva a resistência e a luta popular!



Leonardo Koury Martins  Escritor, Assistente Social e Militante do Movimento de Ação e Identidade Socialista - MAISPT

quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Onde está Amarildo? Onde estão os “desaparecidos”?

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"Se a prática de fazer desaparecer corpos/pessoas foi um método de repressão da ditadura, permanece hoje como uma técnica de governar pessoas, grupos e territórios"


O desaparecimento do pedreiro Amarildo Souza Lima, após abordagem dos policiais da UPP da Rocinha, não é um fato isolado. Ele voltava de uma pescaria quando foi levado pelos policiais para averiguação e desde então jamais reapareceu. Policiais alegam que após o depoimento Amarildo foi liberado, porém sua esposa afirma ter visto os policiais colocarem Amarildo dentro de uma viatura policial. O desaparecimento ocorreu no dia 14 de julho de 2013. São muitos os desaparecidos no estado do Rio de Janeiro e Brasil afora.

Acabo de realizar uma pesquisa acadêmica sobre o desaparecimento forçado de pessoas. Encontrei vários casos similares. São muitos os Amarildos desaparecidos na região metropolitana do Rio de Janeiro. Cada favela, periferia, subúrbio, tem suas histórias de pessoas desaparecidas. Seria interessante construir uma geografia ou cartografia dos desaparecimentos. O caso de Izildete, ex-moradora de Queimados, Baixada Fluminense, é mais um que vem somar às estatísticas e compor o mosaico dos desaparecidos. Seu filho Fábio Eduardo Soares Santos de Souza é mais um que desapareceu após uma abordagem policial, ao sair de uma festa em um bar. Em outro caso, uma moradora de uma conhecida favela conta que seu filho desapareceu junto com outros doze rapazes, numa ação em que traficantes teriam alugado o caveirão da polícia para invadir uma favela rival. Segundo o relato dessa mãe, durante as investigações foram encontradas ossadas, sangue, roupas, partes dos corpos como dedos, etc.. Essa mesma mãe sugeriu que, caso se deseje investigar os desaparecimentos, um bom início poderia ser a drenagem de todos os rios da região metropolitana do Rio de Janeiro, que muito provavelmente estão cheios de cadáveres.

Na zona oeste, numa área próximo a Campo Grande, uma mãe teve seu filho desparecido e após meses, depositaram uma ossada dentro de um saco preto no portão de sua casa. Era a devolução dos restos mortais de seu filho. Nesse caso, os acusados pelo homicídio e ocultação de cadáver eram milicianos. Há outros casos em que familiares encontraram apenas partes dos corpos como cabeça, pé... os corpos são muitas vezes esquartejados.

É possível pensar, nesse sentido, em escalas de desaparecimento. Algumas vezes consegue-se encontrar vestígios dos desaparecidos, em outras consegue-se encontrar partes do corpo, em outras o que se tem são apenas os rumores, o “ouvi dizer”. A rotina dos familiares passa a ser peregrinar por delegacias, Institutos Médicos Legais, hospitais, bocas de fumo. Onde houver informações sobre um morto ou um desaparecido, lá estão os familiares buscando esclarecimentos.

Há que se lembrar do caso mais emblemático de desaparecimento forçado pós-ditadura, trata-se da Chacina de Acari, em julho de 1990. Nesta ocasião, onze jovens moradores da favela de Acari e seu entorno teriam sido sequestrados por um grupo de extermínio, formado por policiais, conhecido por Cavalos Corredores. Os jovens jamais apareceram para contar o que se passou. A luta das mães dos jovens ficou conhecida internacionalmente e foi inovadora ao abrir o caminho para uma nova forma de ação coletiva e protesto político contra a violência estatal. As mães ficaram conhecidas como Mães de Acari e só muito recentemente, quando algumas já haviam morrido ou encontavam-se em processos graves de adoecimento, começaram a ser emitidos os primeiros atestados de óbito. No atestado de óbito, o documento oficial emitido pelo Estado, consta causa mortis “ignorada”, e no local de falecimento está escrito “Chacina de Acari”.

O desaparecimento de pessoas compreende uma variedade de tipos, situações e circunstâncias, mas é possível afirmar que parte dos casos é composta por desaparecimentos forçados, muitos, como mostra o próprio caso Amarildo, envolvendo integrantes das forças policiais. Há desaparecimentos forçados que ocorrem durante operações policiais oficiais e outros em situações extraoficiais.

Os casos por mim pesquisados indicam a participação de “policiais”, “milicianos” e “traficantes” em casos de desaparecimentos. Sendo possível sugerir que há uma espécie de divisão do trabalho, em alguns casos, entre esses atores, no ato de desaparecer corpos. Pode-se também dizer que há uma espacialização dos desaparecimentos forçados, ou seja, eles ocorrem majoritariamente, nos territórios da pobreza, sendo os jovens do sexo masculino as principais vítimas.

As possibilidades de tematização e enquadramento da problemática do desaparecimento de pessoas são múltiplas, sendo que, nos embates e disputas pelos usos destas categorias, ora o desaparecimento aparece construído como um “problema de família”, ora como “problema de segurança pública”, outras vezes ainda como “problema de assistência social”.

As categorias desaparecido e desaparecimento são categorias em disputa, e seus significados estão diretamente associados à pluralidade de vozes que falam, ou deixam de falar, sobre o assunto, envolvendo familiares, autoridades públicas, pesquisadores, movimentos sociais, mídia, entre outros atores.

Recentemente, o assunto tem despertado o interesse crescente de pesquisadores que vêm produzindo diferentes olhares e perspectivas sobre essa questão. A trajetória do debate sobre o tema, no Brasil, poderia ser enquadrada em dois contextos históricos: o primeiro refere-se ao desaparecimento político, e o segundo diz respeito à forma contemporânea marcada por uma diversidade de percepções sobre o assunto. Enquanto o desaparecimento político é compreendido a partir da noção de desaparecimento forçado e reporta-se ao período da ditadura civil-militar, o segundo engloba modalidades diversas e remete-se ao período pós-ditadura.

A figura do “desaparecido” ficou associada nas memórias e na cultura política brasileira à imagem do desaparecimento político e localizada a certo campo de protesto político, aquele referente à luta contra a ditadura. Uma das heranças que ficou do regime militar foi a polícia militar e todo um conjunto de práticas autoritárias e violadora dos direitos civis mais básicos, por exemplo, a inviolabilidade do corpo e a integridade física. Essas práticas autoritárias, importante ressaltar, estão arraigadas não apenas na polícia, mas de maneira estrutural na sociedade brasileira, indo desde as relações afetivas às institucionais. E se a prática de fazer desaparecer corpos/pessoas foi um método de repressão da ditadura, permanece hoje como uma técnica de governar pessoas, grupos e territórios.

O desaparecimento forçado de pessoas corresponde atualmente a um dispositivo de governo-gestão. E há, por um lado, no plano dos perpetradores, um campo de continuidades, que envolve polícia/milícia/“traficantes”. Por outro lado, há um universo de vítimas possíveis que têm em comum sua vulnerabilidade a esse dispositivo de gestão, pela combinação de variáveis territórios/condição social/atividade/suspeição.

O ato de desaparecer corpos – enquanto prática-evento –, fornece um denominador comum para atores que geralmente são colocados como distintos ou mesmo antagônicos. Esses atores se movimentam ora “colaborativamente” ora em disputa, mas compartilham de certos pressupostos comuns (por exemplo, que algumas pessoas sejam desaparecidas/“desaparecíveis”).

E a pergunta permanece: onde está Amarildo? Onde estão os milhares de Amarildos “desaparecidos”?


Fábio Alves Araújo é doutor em Sociologia/UFRJ, professor do IFRJ. É membro da Rede de Comunidades e Movimentos Contra a Violência.

domingo, 28 de julho de 2013

Médicos. Corporativismo não é Sindicalismo




Desde a Constituição de 1988 e a aprovação da Lei Federal 8080/90 o Brasil inicia uma série de profundas mudanças referentes à construção da Política de Saúde em todo território Brasileiro.

Não por uma questão apenas organizativa, mas o Sistema Único de Saúde – SUS tem como principal proposta, a constituição de uma rede de direitos em saúde e a compreensão territorial e organizacional da oferta pública nos municípios.

Saem às ideias que contribuem fortemente pela medicalização e começam a surgir espaço para pensar qualidade de vida em saúde.

Para não ser descontextualizado, gostaria de construir em três pontos um argumento que a cada dia reforça que os graduados em medicinas, deixando claro que não são doutores, se auto-excluem enquanto categoria profissional de toda esta nova construção. Obviamente não são todos os profissionais graduados em medicina, mas nem todos tiveram espírito “guevarita” para pensar que sua formação deve servir ao povo e não a si mesmos.

O primeiro ponto da minha argumentação encontra-se na forma de contratação de todos os profissionais no campo da saúde, desde os profissionais de nível médio como administrativos, agentes comunitários, técnicos em nutrição e de técnicos de enfermagem, quanto os profissionais de nível superior, incluindo os graduados em medicina.

O SUS ao tratar todos os profissionais como iguais e trabalha pensando que os mesmos devem trabalhar por carga horária e não por número de atendimento. A carga horária é fundamental para sair da lógica do atender, numericamente, para atender com tempo todos os pacientes possíveis. Assim traria igualdade no atendimento, seja ele do graduado em medicina que antes do SUS atendia 30 pacientes em menos de 2 horas e voltava para casa ou outro “bico”, trazendo uma péssima qualidade na consulta. O atendimento por sua vez seria buscado como no trabalho do profissional Assistente Social ou Terapeuta Ocupacional que atenderia conjunto a outro profissional como também o graduado em medicina, no seu período de 20, 30 ou 40 horas semanais, assim como nos plantões hospitalares.  A grande ideia é buscar qualidade, interdisciplinaridade e complementaridade e por fim a ideia de número por atendimento.

Outra grande questão é a proximidade que cada vez mais o SUS faz com a interdisciplinaridade e o diálogo no território e com a população. Além de uma prerrogativa básica dos princípios da Lei Federal 8080/90, o SUS traz como condição do trabalho o espaço de ouvir diversos saberes integrados, como no atendimento das políticas em saúde metal, como exemplo um enfermeiro e psicólogo agem conjuntamente, como em pensar estratégias de atenção em saúde em domicílios que o problema é contaminação da água. Entre estes dois atendimentos o diálogo com o Agente Comunitário de Saúde ou de Endemias se faz fundamental para a melhoria do atendimento da população, além de aproximar a realidade vivida do procedimento a ser executado pelos profissionais.

A última questão, que interdialoga claramente entre os primeiro e segundo pontos aqui apresentados, é a de que um usuário ou usuária do SUS pode ter um tratamento de pressão alta com exercícios físicos, ou até mesmo, evitar a depressão em grupos de socialização no território, ginásticas, caminhada e academias públicas. Esta última questão ataca drasticamente a medicalização, financiada pelas indústrias farmacêuticas que estão no hall das grandes financiadoras dos congressos de médicos. Laboratórios famosos que antes financiavam as famosas amostras grátis passam também a ter esta caridade proibida pelo estado brasileiro.

Afinal, quem nunca recebeu de indicação médica um remédio A ou B, ao invés de ter o direito à escolha da estratégia do tratamento ou escolha do medicamento mais barato. É como se fosse induzida a toda população a necessidade de beber o refrigerante que financia mais viagens aos médicos, sem considerar que existem outras bebidas mais saudáveis ou até mesmo outras marcas de refrigerante melhores ou mais baratas.

Portanto, com todas estas inovações e alternativas qual pensa o SUS na ótica da saúde como qualidade de vida e não na lógica saúde doença a categoria profissional dos médicos continua a discursar com a ideia de que o atraso é mais lucrativo, mesmo que seja pior a população. Esta categoria deseja que o SUS dê errado, dialogam a cada atendimento com a população que o SUS não é ruim, reafirmam que é precarizado, reforçando assim a falta de humanização do SUS quando tratam mal a população mais pobre, além de desvincularem a cada dia de um atendimento interdisciplinar. Fazem a população pagar pela arrogância de uma falsa hierarquia do conhecimento.

Os graduados em medicina ainda tentam reforçar o conceito arcaico de que cada atendimento tem valor em certos reais e certos centavos. Preferem claramente trabalhar no modelo “plano de saúde” e ou atendimento expresso para quanto mais atender, mais dinheiro ganhar, além de pensar os remédios como única alternativa para todas as situações de problemas de saúde.

Esta categoria que se propõe ser elitista desde sua formação tem um baixo índice de comprometimento profissional com o povo brasileiro, pois formam e buscam enriquecer no atendimento privado e em certas especializações que por fim acabam atendendo a si mesmos. Não querem trabalhar no sistema público, principalmente nas periferias e cidades do interior. Dão-se ao direito de escolher o público a ser atendimento pela cor e condição social e não pela necessidade.

Atualmente repudiam uma das dezenas de alternativas de governo para que os mesmos interiorizem seu conhecimento, condicionando a necessidade de seu trabalho ser popularizado e com financiamento vinculado ao atendimento da população mais pobre, chamam a ideia de escravidão branca.

Os graduados em medicina, que não doutores, não entenderam que corporativismo não é sindicalismo, que suas pautas estão longe de uma defesa de melhoria da qualidade profissional, mas apenas ilustra a necessidade de outros olhares pela saúde pública brasileira. O olhar corporativo da categoria pouco  serve a quem precisa da saúde no Brasil.

Certamente a saúde pública precisa de muito mais para atender a população, mas antes de qualquer coisa, precisa a cada dia estar a serviço do povo brasileiro e não de uma nefasta e fascista manifestação corporativa. Esta que a mais de 20 anos caminha distante da humanização do SUS.


Leonardo Koury - Escritor, Assistente Social, Educador e Militante dos Movimentos Sociais






domingo, 21 de julho de 2013

Uma década sem Sabotage, talento resgatado de uma boca de fumo



“Essa talvez seja a maior falta que ele faz, por ter pensado muito em fazer coisas diferentes e não ter tido tempo suficiente para realizar. A música nacional foi quem mais perdeu.”
Por: Jorge Américo e José Francisco Neto

Oportunidade de gravar CD foi decisiva para que Maurinho se tornasse um dos rappers mais conhecidos do Brasil. Moradores da Favela do Canão ainda não superaram a perda, e o engrandecem como artista e como pessoa.
Chegou lá e falou pra nós que estava ‘descabelado’. Ele tava armado e com uma pilha de papel de droga em cima.”
A descrição parece cena de um dos inúmeros filmes brasileiros que retratam o tráfico, mas o protagonista é um personagem da vida real: Mauro Mateus dos Santos, que em pouco tempo ficaria nacionalmente conhecido como Sabotage.
Parecia impossível, mas os rappers Rappin Hood e Sandrão foram até o ponto de venda de droga (“boca”) determinados a apresentar uma alternativa ao jovem, como narra o próprio Hood.

“Nós viemos te buscar. Você tem que largar esse bagulho, tio. Você vai com nós, irmão. Aí ele perguntou: ‘você está falando sério?’ eu disse que era isso mesmo! Nós vamos fazer uma corrida pra você gravar um CD. Aí mandou chamar o patrão, que enquadrou nós ainda. ‘Você vão levar o menino, mas e se um dia ele voltar aqui? Não vou dar trabalho pra ele, não! Aí a gente falou que ele não ia voltar. E o restante da história todo mundo conhece. Sabotage virou um dos maiores ícones do rap.”
Considerado uma lenda no movimento Hip Hop, Sabotage começou a carreira em 1998, fazendo parcerias com o grupo RZO (Rapaziada da Zona Oeste). A partir daí, com estilo próprio de cantar e criatividade nas composições, o músico disparou até chegar às telas do cinema nacional. Participou do filme “O Invasor” (2001), de Beto Brant, e também de “Estação Carandiru” (2003), de Hector Babenco.

Sabotage ganhou, no final de 2002, o Prêmio Hutus como revelação do ano e personalidade do movimento Hip Hop. No entanto, a ascensão meteórica foi interrompida por quatro disparos à queima-roupa há dez anos. Wanderson Rocha, o Sabotinha, de 20 anos, filho mais velho do cantor, lembra daquele dia como se fosse hoje.
“Eu lembro até hoje o que o repórter falou na televisão: ‘Mauro Mateus dos Santos, conhecido como Sabotage, foi assassinado hoje por volta das seis da manhã.’”
Na data em que sofreu o atentado, Sabotage viajaria para Porto Alegre (RS), onde, no dia seguinte, seria atração surpresa em uma das atividades do Fórum Social Mundial. Coincidência ou não, no dia 25 de janeiro, em meio aos anseios dos povos por transformações estruturais na sociedade.
Maestro do Canão.

Chamado Maestro do Canão, Sabotage colecionou afetos no lugar onde cresceu. Com a força de sua música, fez a pequena comunidade onde vivem 18 famílias ser quase tão conhecida quanto a Favela da Rocinha, com seus 70 mil habitantes.
Passados 10 anos da trágica morte, moradores da Favela do Canão ainda não superaram a perda de Maurinho. São inúmeros os relatos que o engrandecem como artista e como pessoa.
“Ele era extrovertido. Gostava muito de cantar.”
“Maurinho foi do nada. O sonho dele foi realizado. Quando ele fez sucesso, ficou no auge mesmo, a gente perdeu ele”
“Acho que nunca mais vai ter um ídolo daquele na comunidade que nem ele não vai ter mais não. As crianças hoje em dia levam como exemplo as músicas dele. A gente também mudou bastante. A gente leva o que ele deixou no coração como exemplo, e vamos passando para as nossas crianças. Eu vi ele escrevendo ‘Respeito é pra quem tem’. Nossa, Maurinho era foda. Até arrepia.”
Versatilidade

O cabelo espetado – inspirado no rapper americano Coolie –, o flow (estilo melódico) peculiar, a paquera com o cinema e o linguajar típico da malandragem transformaram Sabotage em uma personalidade insubstituível no rap. Mas o que mais chamou atenção em seu trabalho foi a versatilidade e a capacidade de dialogar com outros ritmos musicais.
Tais qualidades são destacadas pelo documentarista Ivan Vale Ferreira, que vem trabalhando no documentário “Sabotage, o maestro do Canão”, que retrata a vida e carreira do rapper.

Ferreira compara a morte de Sabotage com a de renomados artistas. Para ele, Maurinho, como era conhecido entre os amigos, tinha muito a doar para a música brasileira.

“Pra mim é como se ele fosse Cássia Eller, Chico Science, pessoas que morreram no auge da carreira. Essa talvez seja a maior falta que ele faz, por ter pensado muito em fazer coisas diferentes e não ter tido tempo suficiente para realizar. A música nacional foi quem mais perdeu.”


sábado, 6 de julho de 2013

OCUPAÇÃO CÂMARA: Lições e conquistas de uma BH Popular


Passados mais de 168 horas de ocupação na Câmara Municipal de Belo Horizonte alguns olhares, observações e entendimentos conseguimos construir ao longo e tanta luta popular.

Não tenho o interesse de fazer um diário, nem mesmo um longo histórico, afinal, ainda é cedo para contextualizar de forma responsável tamanhos aprendizados, mas é obrigatório que cada militante ali presente tenha o dever de compartilhar esta experiência com quem mesmo ausente em corpo este presente apoiando nossa luta e nosso movimento.

Assim como no formato da Assembleia Popular Horizontal que já vinha sido construída em Belo Horizonte antes mesmo da ocupação da Câmara de BH, este espaço foi constituído sem a pretensão de donos ou chefes, menos ainda de comandantes e comandados. A nomenclatura Horizontal é definitivamente a junção teórica e prática da identidade do movimento em Belo Horizonte e um amadurecimento das lutas sociais. 

Comissões, espaços de debates, horizontalidade nas relações de poder e combate de responsabilidade educativa e coletiva a toda forma de opressão foram tarefas diárias para quem acreditou ali não apenas em ocupar, mas em aprender a construir um mundo melhor. 

Se a utopia serve para caminhar, caminhamos conjuntamente nestes dias de boa alimentação, noites culturais, organização coletiva e aulas diversas sobre temas como orçamento público, reforma política, reforma urbana entre outros momentos. Vários dias sem violência, sem crimes, discordância e sem a presença da polícia entre nós. Certamente os vândalos ali eram diferentes do que a grande imprensa diz.

A revogação do aumento ou mesmo a auditoria externa das contas públicas da capital certamente frente a todo este ensinamento vivido é muito pouco para ser contabilizado de conquistas. Educamos entre si na necessidade da unidade dos movimentos sociais, da organicidade na luta contra as opressões e compreendemos o Dever de #OcuparBH

"Um povo forte, não precisa de heróis" Bertolt Brecht

-- 
Leonardo Koury Martins - Escritor, Assistente Social e Militante do Movimento de Ação e Identidade Socialista

sexta-feira, 28 de junho de 2013

Ditadura Disfarçada. Quem ganha com a violência policial




"Primeiro eles te ignoram, depois riem de você, 
depois brigam, e então você vence."
Mahatma Gandhi



Tudo começa quando muitas pessoas saem as ruas, ameaçam a ordem vigente, o status quo torna-se ameaçado e dai começam a desqualificar, desacreditar e depois quando nada mais segura a população, entra a serviço da classe dominante a polícia.

Começam com Spray de pimenta, como nada adianta parar milhares de pessoas, utilizam Helicóptero para monitoramento e apoio a artilharia das bombas de efeito moral, de gaz lacrimogênio e balas de borracha. Nada diferente do que acontecia de 64 a 85, como nada diferente do que acontece quando a população em qualquer lugar no mundo luta por direitos!

A grande questão é quem está certo? Não sei. Porem sei que a polícia se omitir ao vandalismo, se omitir a corrupção, se omitir as toneladas de drogas que passam pela fronteira, mas não se omitem em usar a força policial para conter quem paga seus próprios salários, o povo. A quem pratica o vandalismo as leis tem o dever de punir, porem quem prende e pune os policiais que espancaram os manifestantes? De que lado estamos na verdade? A neutralidade é uma onda burra que se oportuniza de todos os lados. Devemos ter lado e defender quem está desigual nesta história que a televisão esconde.

A pacificidade é uma utopia, quando alguém questiona a ordem estabelecida. Se a imprensa quer mostrar as imagens dos problemas para que tenhamos medo de sair das ruas e lutar pelos nossos direitos. Apenas digo,  da luta não me retiro!

Quem ganha com a violência estabelecida, construída principalmente pela fragilidade da polícia em resolver os conflitos externos as manifestações e internos da própria corporação? Quem ganha com as matérias dos jornais que dizem para não sair nas ruas e protestas na lógica que tudo anda muito violento? Quem ganha com as ruas tranquilas e entregues aos cidadãos "de bem"? Quem ganha com o silêncio dos pobres?


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Leonardo Koury Martins - Brasileiro. Escritor, Assistente Social e Militante do Movimento de Ação e Identidade Socialista

Assistam o vídeo e entendam o que a teoria não consegue as vezes facilmente explicar!



quarta-feira, 26 de junho de 2013

Reforma Política Já




Financiamento Público de Campanha. 
Crime hediondo para quem for condenado por corrupção.
Fim do Fórum Privilegiado para políticos.
Fim da votação secreta no Congresso Nacional.
Lista Fechada.
Voto Distrital.
Plebiscito popular para saber quem é a favor ou contra.
Constituinte Exclusiva.
Reforma Política? O que você tem haver com isso?

Clique aqui: Entre no Grupo e acompanhe as discussões!



sábado, 22 de junho de 2013

É proibido virar a DIREITA!

A quase duas semanas nas ruas, acompanhando as manifestações consegui construir algumas reflexões acerca do que ouço e percebo conversando com as pessoas nas ruas. Venho fazer as análises tomando como local as manifestações da minha cidade que é Belo Horizonte. Neste caso, não diferem tanto das mais outras 30 cidades que tem a organização das Assembleias Populares.

Estimam a grande mídia, conhecida como #PIG, que mais de 1 milhão de pessoas passaram pelas ruas neste período. Porem quanto a avaliação da imprensa, eu descarto. A mesma mudou 4 vezes de discurso, hora referente a violência, hora um possível fim ao mandato da presidenta, e hora, que este povo lindo e amado acordou e vai salvar o Brasil, o último, com caráter oportunista e messiânico.

Portanto, no dia a dia das ruas algumas impressões são importantes, quanto a pauta da redução das passagens e uma outra lógica de política de transporte, a mobilidade urbana é interessante e necessária como ir contra a PEC37, Regulamentação das Comunicações e dizer Não ao Ato Médico. A defesa dos direitos humanos, não está só na saída do Feliciano, mas nas pautas feministas, do movimento LGBT e da organização contra a criminalização da pobreza e dos movimentos sociais.

Já a Reforma Política, sobre esta pauta, me atenho com maior atenção, pois além de ser transversal a todas estas pautas, está tanto nos gritos mais alienados pelo "fim dos partidos" no intuito de combater a corrupção, quanto nos discursos mais conscientes de perceber que governar com Feliciano, Calheiros, Maluf e Collor na base aliada não é possível fazer as rupturas necessárias e se construir um Projeto Popular.

Acredito que todos os movimentos sociais devem apostar nas Assembleias Populares, locais igualitários de organização, reflexão e avaliação das mobilizações, de pautas conscientes, local de encontro de quem nunca esteve dormindo, mas acredita que é importante disputar cada "acordad@" e traze-los para o campo das lutas sociais. Não faremos a revolução sozinhos e conquistar as pessoas, encantá-las com nossas bandeiras de luta é um princípio revolucionário.

É proibido virar a DIREITA. Devemos romper os discursos facistas que dizem sobre o fim dos partidos políticos, de fechar congresso, de ninguém representa ninguém. Nosso papel deve ser como diria Gramsci, pedagógico, disputar cada pessoa, ouvir, refletir , compreender a descrença e construir cotidianamente uma Nova Cultura Política.

"Façamos nós, por nossas mãos, tudo que a nós, nos diz respeito. Eugenie Potier

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Leonardo Koury Martins - Brasileiro. Escritor, Assistente Social e Militante do Movimento de Ação e Identidade Socialista

sexta-feira, 21 de junho de 2013

Ei REAÇA vaza desta Marcha


Reflexo de propaganda da direita PPS e da imprensa conhecida como #PIG, fazem alguns jovens acreditarem que política é corrupção e corrupção não presta. Estes mesmos que tiram xerox da faculdade no serviço escondido e subornam o guarda de trânsito batem em manifestantes de partido de esquerda esquerda. Não são a voz da razão.

A diferença destes APARTIDÁRIOS é que estamos nas ruas tomando partido pelo povo a 500 anos e daqui a 1 semana eles voltam pro PlayStation, cansados de caminhar e gritar as mesmas músicas despolitizadas e nós continuaremos lutando com o povo e pelo povo. 

Esta pauta é nossa (Reforma Política) e vamos continuar nas ruas disputando a opinião de cada despolitizado que queira dialogar, sem medo, fazendo o enfrentamento, pois não somos inimigos de quem está nas ruas, nosso inimigo é Capitalismo, o sistema que explora a classe trabalhadora e destrói o planeta. 

Viver significa tomar partido e "apartidarismo" é Ditadura. Lutamos muito pela democracia e vamos continuar a defender cada conquista nossa, o direito de falar foi conquistado com o sangue de muitos companheir@s e camaradas! 

A rua é de tod@s de quem gosta de partido e de quem não gosta, pois isso é fazer política!

Leonardo Koury Martins - Brasileiro. Escritor, Assistente Social e Militante do Movimento de Ação e Identidade Socialista

terça-feira, 18 de junho de 2013

Tempos de Manifestação: “Quem são eles, quem eles pensam que são”





No incentivo de tentar organizar as ideias depois de algumas semanas de lutas intensas por todo país. Venho fazer algumas considerações fundamentais para que não façamos um discurso midiático de que é uma explosão de gente sem bandeiras e que o Brasil Acordou.
É fundamental decorrer sobre a história do Brasil. Como antes já escrito, não somos um país de preguiçosos e menos ainda uma manifestação que tem apelo midiático ou por conta do facebook. Certamente que nossa história e os diversos problemas sociais alinhavados com os lindos estádios erguidos na contradição da ausência de serviços públicos para a maioria da população e o valor das passagens de ônibus, que está entre as mais caras do mundo, tornam-se grandes bandeiras mobilizadoras. Usaria aqui um dos slogans publicizados nos últimos dias: Não é por centavos, mas sim por direitos.
Lutamos pelas vias populares desde a chegada dos portugueses, sejam os indígenas pela resistência a invasão europeia e a população negra contra a barbárie provocada pelos navios mercantes da escravidão. Lutamos nas revoltas dos Quilombolas, Emboabas, dos Cabanos, da Conjuração Baiana. Fomos ousados enquanto brasileiros para assumir a cara do Banditismo, nas figuras de Maria Bonita e Lampião, do tirar dos ricos e dar aos pobres e de tantos outros personagens da história que traz uma cara e uma cor nacional. Como diz na letra dos Racionais MC's: "Coisa do Brasil super-herói mulato, defensor dos fracos". Nós brasileir@s temos ao longo de nossa história nossos próprios heróis como Anita Garibaldi e Mariguella, entre outras e outros, mas sempre lembrando o que dizia Florestan Fernandes, sofrendo e estando na mesma luta.
Quem são eles?
São brasileira@, em tese sua grande maioria mobilizad@s nas redes sociais, mas outra grande parte das mobilizações de movimentos sindicais, estudantis e de grupos culturais que há tempos vem tentando unificar suas marchas. Exemplo em Porto Alegre, São Paulo, Salvador e Belo Horizonte que construíram a unificação da marcha contra o estatuto do Nascituro, Marcha das Vadias, Movimento do Passe Livre e Paralisações de categorias profissionais levam em sua unificação mais de 20 mil pessoas nas ruas destas cidades e espalham este grito de luta.
Contudo estes milhares de usuários da internet, mobilizados pelo facebook carregam consigo diversas bandeiras que colorem o movimento social com a cara e a realidade das demandas populares na diversidade e pluralidade de reivindicações.
São legítimas independentes do politicamente e academicamente correto, são gritos num olhar ingênuo de desorganização, mas pautam políticas de  mobilidade urbana, saúde, educação e combate a corrupção no Brasil, eles são militantes com sangue revolucionário, não estão ai para voltar para trás, menos ainda fazer o jogo da mídia e da direita.  Inclusive não são a favor do modelo falido que a política brasileira se atualmente se organiza, que não quer dizer exatamente apolíticos ou despolitizados, como também fazem sua própria mídia, como exemplo as vaias a Rede Globo nas manifestações em Belo Horizonte.
Quem eles pensam que são?
Estas brasileiras e brasileiros que agora se encontram em milhares, nas ruas de todas as capitais e grandes cidades e até mesmo em cima do Congresso Brasileiro certamente são protagonistas de uma nova história dos movimentos sociais.
Marcados pela melhor organização nas redes virtuais, no acesso as mídias e produzindo sua própria opinião pública, trazem uma unidade nas ruas que deve neste momento de explosão ser pactuada na unidade das lutas.
Este dever está na responsabilidade dos movimentos sociais organizados que circulam entre as manifestações. As pautas dos sindicatos, movimentos culturais, dos movimentos estudantis deve ser canalizada para propostas mais claras à agenda nacional e aos governos para que não sejam em vão.
Termino fazendo a análise de que este momento tem o intuito de quebrar paradigmas, de trazer um novo dialogo com a classe trabalhadora, pois os defensores do capitalismo longe passam destes espaços, por mais que querem aproveitar de forma equivocada e pouco crédula, só perceber a desorganização da informação pela imprensa televisiva.
Estão nas ruas as respostas da unidade, no dialogo com o povo e nada diferente disso. Não se oprime bandeiras em tempos de manifestação como este, mas se canaliza para focos prioritários. Em tempos de manifestação, ali está o povo unificado para a construção de um novo momento e apenas El@s pensam que são brasileir@s, cansad@s e oprimid@s pelo sistema vigente.

Um novo Brasil se constrói nas ruas, vem pras luta também.


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Leonardo Koury - Brasileiro. Escritor, Assistente Social e Militante do Movimento de Ação e Identidade Socialista MAISpt

domingo, 16 de junho de 2013

Resposta contra a multa de 500 mil reais pelas Manifestações de BH


O Brasil é sem dúvidas um país que não pode ser chamado de Acordado por conta das últimas manifestações ocorridas no mês de Junho do ano de 2013. Nossa história é marcada pela resistência popular, ao contrário de um senso comum, doutrinado pelo modelo burguês de educação, não somos um país de preguiçosos e apáticos, nem mesmo de telespectadores Homer Simpson.

Lutamos pelas vias populares desde a chegada dos portugueses, seja os indígenas pela resistência a invasão europeia e a população negra contra a barbárie provocada pelos navios mercantes da escravidão. Lutamos nas revoltas dos Quilombolas, Emboabas, dos Cabanos, da Conjuração Baiana. Fomos ousados enquanto brasileiros para assumir a cara do Banditismo, nas figuras de Maria Bonita e Lampião, do tirar dos ricos e dar aos pobres e de tantos outros personagens da história que traz uma cara e uma cor nacional. Como diz na letra dos Racionais MC's: "Coisa do Brasil super-herói mulato, defensor dos fracos". Nós brasileir@s temos ao longo de nossa história nossos próprios heróis como Anita Garibaldi e Mariguella, entre outras e outros, mas sempre lembrando o que dizia Florestan Fernandes, sofrendo e estando na mesma luta.

Em todo país, manifestações ocorreram e em Belo Horizonte, no dia 15 de Junho, uma das maiores manifestações causaram a ira do Judiciário. Segundo a Polícia Militar, mais de 8 mil pessoas ocuparam as ruas da região central de Belo Horizonte provocando um caos urbano. 

Estavam presentes mais de 100 movimentos sociais lutando pelo seu único direito ainda praticável que é  o da Liberdade de Expressão, artigo 5º inciso IX da C.F.88. Este artigo constitucional a cada dia fica ameaçado, hora pela dificuldade de organização de uma sociedade cada vez mais educada a ser individualista, hora pelas consequências da violência policial, com a justiça limitando cada dia mais a participação na lógica de construir uma ideia de que quem participa é "bandido" por prejudicar a cidade, além da opressão do direito ao diálogo coletivo e de dificultar o direito à greve com multas e sansões. 

O direito dos poderosos que está ameaçado, o modelo de produção e até mesmo a criminalização dos movimentos sociais apenas beneficia de quem vive do lucro e não de quem apenas tem para vender sua força de trabalho. Confundem revolução com desorganização, mas esquecem que revolucionar é provocar a desordem do sistema imposto aos pobres pela Burguesia. Este sistema tem apoio dos partidos de Direita e suas bancadas: ruralista, da educação privada e religiosa. Tem a conivência e manipulação da grande imprensa e o apoio covarde da polícia e da justiça que nos oprimem nas ruas e nos tribunais.

Martin Luther King Jr, negro americano e lutador dos direitos de cidadania, uma vez disse "Temos o dever moral de desobedecer as leis injustas" e é uma arbitrariedade proibir os movimentos sociais de irem as ruas lutar pelos seus direitos, seja em qual dia a luta ocorrer, como também multar os sindicatos e movimentos sociais presentes no dia 15 de Junho em Belo Horizonte com o valor de 500 mil reais.

E vamos novamente desobedecer, pois os eventos das Copas, é além de um coroamento ao Capitalismo, traz investimentos em rede hoteleira (para quem?) , vias para passar carros (aonde está a mobilidade urbana?), visibilidade internacional (Qual investimento sólido trouxe além de construir estádios?) e a opressão aos moradores em situação de rua que são expulsos em todas as capitais brasileiras para não chocar os ilustres visitantes. 

Não é isso que o povo precisa, estamos na Luta e não trabalhamos para pagar multas. Vamos voltar novamente as ruas cobrar dos políticos corruptos e dos empresários que sonegam impostos o valor que devem aos cofres públicos, a dívida deles ao Governo não será paga por nós. 

Um brasil para seu povo e não para os turistas ocasionais, ruas para as lutas até que não precisemos mais lutar. Uma nova sociedade não é apenas utopia se nós a construirmos no patamar de realidade. A revolução certamente não será televisionada.

Leonardo Koury Martins - Brasileiro. Escritor, Assistente Social e Militante do Movimento de Ação e Identidade Socialista MAISpt

sábado, 15 de junho de 2013

Manifestação reúne oito mil, diz PM, e percorre três quilômetros em BH

Cerca de oito mil pessoas, em sua maioria, jovens e estudantes, participam da manifestação pacífica que percorre a Savassi e o Centro de Belo Horizonte, na tarde deste sábado, segundo a Polícia Militar. O protesto, que critica o valor de R$ 2,80 das passagens de ônibus da capital, percorreu três quilômetros e está na Praça da Estação.
Os militares informaram que o protesto segue com tranquilidade. Em um certo momento, um homem chutou a grade que faz a segurança da Praça da Estação para o Concentra BH, e houve um princípio de tumulto. Os próprios manifestantes conversaram com o homem, que se acalmou. A polícia também conversou com ele. Nenhuma outra ocorrência de gravidade foi registrada, segundo a PM. Por volta das 17h, parte do grupo se dispersou e outra seguia em direção à Praça da Rodoviária.
Os manifestantes levam cartazem que criticam a política brasileira, a corrupção, os gastos públicos com as obras para as Copas das Confederações e do Mundo, em 2014, além de protestar contra a violência registrada em São Paulo, durante esta semana.
Manifestantes chegam à Praça da Estação, no Centro de Belo Horizonte. (Foto: Humberto Trajano/G1)Manifestantes chegam à Praça da Estação, no Centro de Belo Horizonte. (Foto: Humberto Trajano/G1)


















Alguns dos brados da marcha são "Da Copa eu abro mão, eu quero dinheiro pra saúde e educação" e "ei polícia, vinagre é uma delícia", uma crítica à prisão de um jornalista que portavam um vidro de vinagre durante protestos em São Paulo.
Gladson Reis, vice-presidente da UBEs, quer encontro com prefeito para discutir redução nas passagens. (Foto: Humberto Trajano/G1)
Gladson Reis, vice-presidente da UBEs, quer
encontro com prefeito para discutir redução
nas passagens. (Foto: Humberto Trajano/G1)
Para o vice-presidente da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBEs), Gladson Reis, os protestos que vêm acontecendo por todo país marcam um novo posicionamento da população. “É um novo levante da juventude. Não dá mais para a juventude ficar calada”, disse.
Ele explicou que a manifestação em BH contou com a participação de várias entidades, porém nenhuma delas estava no comando da marcha e a mobilização aconteceu pela internet. Toda a manifestação ocorreu de forma pacífica, tendo apenas um princípio de confusão que logo foi controlada quando a passeata estava na Praça da Estação. “A manifestação é pacifica, pois a juventude está consciente”, avaliou Reis.
Sobre a questão do transporte público, o vice-presidente da UBEs apontou uma pauta de reinvindicações e pediu uma reunião com o prefeito Marcio Lacerda. “Queremos nos reunir e negociar com a prefeitura. Vamos pedir uma auditoria nas contas da BHTrans, passe livre para todos os estudantes, congelamento das tarifas por dois anos e um metrô de qualidade”, disse.
Cartaz pede para substituir Copa por educação e saúde em Belo Horizonte (Foto: Humberto Trajano/G1)
Cartaz pede para substituir Copa por educação e saúde em
Belo Horizonte (Foto: Humberto Trajano/G1)


















Após se concentrarem na Praça da Savassi, subirem a Avenida Cristóvão Colombo, passarem pela Praça da Liberdade, e descerem a Avenida João Pinheiro, eles se reuniram brevemente na porta da Prefeitura de Belo Horizonte, na Avenida Afonso Pena, onde cantaram o Hino Nacional.
De acordo com os organizadores da manifestação na capital mineira, outros dois movimentos integram o protesto, sendo o Comitê Popular de Atingidos pela Copa (Copac) e o Pic Nic Junino do Movimento Fica Fícus.



O encontro, como explica a própria organização por meio de uma rede social, tem por objetivo discutir a situação atual do transporte público. A principal bandeira deles é a do passe livre nos coletivos.
Manifestação ocupa Praça Sete, no centro de Belo Horizonte (Foto: Humberto Trajano/G1)Manifestação ocupa Praça Sete, no centro de Belo Horizonte (Foto: Reprodução/BHTrans)
















Protestos em São Paulo

Em São Paulo, houve quatro dias de protestos motivados pelo aumento da passagem na cidade, que passou a custar R$ 3,20. Um jornalista que cobria a ação foi preso por carregar vinagre, usado para aliviar os efeitos do gás lacrimogênio com os quais os policiais dispersavam a multidão. O episódio gerou novas ondas de protesto.
Ex-policiais militares ouvidos pelo G1 consideram que a corporação de São Paulo agiu corretamente e cumpriu o seu dever ao reprimir a passagem dos manifestantes pela Rua da Consolação, no Centro de São Paulo, na noite da última quinta-feira (13).
Manifestação reúne cerca de duas mil pessoas em Belo Horizonte, segundo a PM (Foto: Humberto Trajano/G1)Manifestação reúne cerca de duas mil pessoas em Belo Horizonte, segundo a PM (Foto: Humberto Trajano/G1)


















Fonte: O Globo on-line

“Acordei com um sonho e com o compromisso de torná-lo realidade"
Leonardo Koury Martins

"Gostar é provavelmente a melhor maneira de ter, ter deve ser a pior maneira de gostar"
Saramago

"Teoria sem prática é blablabla, prática sem teoria é ativismo"
Paulo Freire

"Enquanto os homens não conseguirem lavar sozinhos suas privadas, não poderemos dizer que vivemos em um mundo de iguais"
M.Gandhi

"Por um mundo onde sejamos socialmente iguais, humanamente diferentes e totalmente livres"
Rosa Luxemburgo